Comprimido1a matéria sobre os tamanhos dos comprimidos

Existe um motivo para que os tamanhos dos comprimidos sejam maiores ou menores. Para muitas pessoas, engoli-los pode ser um desafio

Ansiedade. Vontade de vomitar. Sensação de sufocamento. Esses são apenas alguns reflexos que a necessidade de tomar remédio em forma de comprimido ou cápsula gera em algumas pessoas. 

Esse ato, que pode ser um pesadelo para muita gente, é um problema bastante comum. Basta uma simples pergunta em qualquer roda de conversa ou então pelas redes sociais e vários casos aparecem. E algumas vezes, os tamanhos dos comprimidos não ajudam a melhorar a situação.

“Tenho muita dificuldade em tomar comprimidos e cápsulas, até mesmo as menores.  Sempre fico apreensiva e insegura na hora de tomar” revela Thais Ostacevic.

Assim como ela, a Professora de Ciências, Maria Ferreira, também enfrenta problemas com o tamanhos dos comprimidos e para engoli-los. Coisas que a importunam desde a infância.

“Fico ansiosa e sei que vai ser difícil tomar a medicação”, conta.

Para o estudante de história, Mauro Ribeiro Junior, essa questão se reflete como um sintoma físico.

“Eu quase vomito e tenho muito agonia. Outro dia eu fui tomar um relaxante  muscular e quase passei mal”, comenta o jovem.

Essa questão, por vezes, acaba atrapalhando tratamentos. A publicitária Pamela Bonapaz é um exemplo disso.

“Já teve vezes que não tomei o remédio e suspendi o  uso por não conseguir engolir. Também já perdi vários comprimidos que eu tentei diluir em água antes”, ela confessa.

Pensando no problema que muitas pessoas possuem ao tomar medicamentos, fomos investigar a razão para as farmacêuticas definirem qual será tamanhos dos comprimidos.

Por que os tamanhos dos comprimidos chegam a ser tão grandes?

Os problemas na hora de engolir a medicação levam muitas pessoas a se perguntarem sobre o porquê do tamanhos dos comprimidos e capsulas algumas vezes serem tão grandes. Outro questionamento é se não seria possível substituí-los por outros formatos, como em gotas, por exemplo.

A professora Rubiana Mara Mainardes, do Departamento de Farmácia da Universidade Estadual do Centro-Oeste, a Unicentro, é Mestre e Doutora em Ciências Farmacêuticas.  Ela costuma ministrar as aulas de Farmacologia do curso e nos conta como funciona a produção de comprimidos e cápsulas.

Para chegar a resposta, primeiro é preciso entender um pouco do processo como um todo. Rubiana explica que os comprimidos são formas farmacêuticas sólidas contendo uma dose única de um ou mais fármacos, que são os princípios ativos. Eles, por sua vez, são geralmente misturados com outras substâncias. 

Se um remédio será grande ou pequeno dependerá dessa receita.

“O tamanhos dos comprimidos depende da quantidade de fármaco que é necessário para cada dose, bem como da necessidade de adjuvantes”, elucida.

Formatos diferentes

Os adjuvantes, que são essas outras substâncias adicionadas ao medicamento, podem ser  diluentes, aglutinantes, desagregantes e lubrificantes.

“São os ingredientes ‘inertes’ dos comprimidos, pois não possuem atividade terapêutica, porém são importantes para a formação da ‘massa’, bem como para a sua desintegração no organismo. Além disso, eles exercem influência marcante sobre a estabilidade e a biodisponibilidade do fármaco”.  

A mistura é então levada a uma máquina de compressão, que vai dar a forma e tamanhos dos comprimidos. De acordo com a Doutora em Ciências Farmacêuticas, o formato dos moldes que compõem os pistões que realizam a compressão durante esse processo também impactam o produto final.

“Os comprimidos podem apresentar particularidades que influenciam no seu tamanho, composição e na resposta farmacológica gerada pelo fármaco”, lembra.

De forma geral, além dos comprimidos convencionais de uso oral, que desintegram no estômago, existem: 

  • De revestimento entérico – não sofrem influência do meio estomacal e desintegram somente no intestino;
  • Sublinguais – rapidamente dissolvem na saliva e evitam o trato gastrointestinal;
  • Efervescentes – que em contato com a água rapidamente solubilizam o fármaco e aumentam a velocidade de absorção; 
  • Mastigáveis – desintegram na mucosa bucal; 
  • De ação lenta ou prolongada – permitem uma ação do fármaco por maior período de tempo no organismo.

Veja mais: A mistura entre álcool e remédios é maléfica?

E as cápsulas?

Esse tipo de remédio também conta com diversificações de tamanho, porém todas já estão pré-definidas. Rubiana ensina que elas consistem em invólucros a base de gelatina, os quais retém o fármaco com ou sem adjuvantes no seu interior. “O conteúdo necessário para a dose única é o parâmetro que vai ditar o tamanho da cápsula a se utilizar”, complementa

Outra diferenciação que elas podem sofrer são entre a sua consistência, existindo as duras e as moles. Além disso, as cápsulas podem ser as convencionais, que sofrem dissolução no estômago, ou gastro-resistentes, que suportam o meio ácido e sofrem dissolução somente no intestino. 

Às vezes não dá para substituir

Quem tem um pouco mais de dificuldade para tomar comprimidos e cápsulas logo pensa nas outras possibilidades. “Quando preciso tomar eu já procuro outra alternativa, algum outro remédio”, lembra Pamela. 

Maria Ferreira também procura conversar com os médicos em busca de outros caminhos para seu tratamento farmacológico. “Peço pra ser injetável”, conta.

O problema é que esse é um cenário que nem sempre é possível, já que, como conta a professora de Farmacologia, não são todos os princípios ativos que podem ser transformados em solução ou suspensão oral.  “Nem todas as moléculas apresentam estabilidade química ao estarem armazenadas em um meio aquoso, e assim podem sofrer processos de degradação que vão modificá-la, resultando em falha na sua atividade farmacológica”, elucida Rubiana.  

“Quando há estabilidade, as moléculas podem ser produzidas na forma solução ou suspensão aquosa, e apresentarem a mesma eficácia dos comprimidos. A diferença é exclusivamente na forma de determinar a dose, que deixa de ser em unidades de massa (g ou mg) no caso dos comprimidos, para unidades de volume (gotas ou mL)”, complementa a doutora em ciências farmacêuticas.

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Evite cortar ou triturar a medicação

Na hora de tomar remédio muito grande quem possui dificuldades sempre tenta dar um jeitinho. Cortar ao meio, misturar com um doce, ou moer o medicamento são algumas táticas. O problema é que isso não é recomendável

Rubiana alerta para que os pacientes não removam o conteúdo das cápsulas e nem esmaguem ou dividam comprimidos. Outra orientação é não solubilizar o remédio em água,

“A forma farmacêutica pode ter algum tipo de revestimento ou de funcionalidade, que se perdem ao se efetuar essas ações, e comprometerão a resposta farmacológica. A ingestão com alimentos ou outras bebidas como leite, suco ou refrigerantes também não é indicada. Muitos fármacos devem ser administrados longe de refeições, já que a presença do alimento reduz a intensidade de absorção do fármaco e afeta o seu efeito”, ensina.

Um outro alerta é que a mastigação do comprimido só pode ser realizada se o comprimido for de tecnologia mastigável, caso contrário deve ser engolido inteiro.

Problemas com os tamanhos dos comprimidos? Saiba como tomar remédio muito grande

A professora Rubiana compartilha algumas dicas:

1- “As cápsulas, por apresentarem uma densidade inferior à da água, são mais fáceis de serem deglutidas. Ao colocar a cápsula na língua e ingerir a água, incline a cabeça para baixo, com o queixo indo em direção ao peito. Deixe que a cápsula flutue para a parte de trás da boca, pois assim a cápsula não ficará ‘nadando’ na boca”

2- “No caso de comprimidos, é importante posicioná-los mais na parte de trás da língua. Deixe próximo à faringe e beba uma alta quantidade de água”.

3- “De forma geral, é importante minimizar o tempo que o comprimido fica na língua. Até mesmo para que não se inicie a sua dissolução, e que o gosto dele seja sentido. Deve-se colocá-lo na língua e beber a água imediatamente, com um movimento suave”.

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