Se você tem familiares com história de glaucoma, é de raça negra e tem mais de 60 anos, fique atento! Esses são alguns dos fatores de risco da doença.

 

Apontada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a principal causa de cegueira irreversível, o Glaucoma atinge cerca de 65 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, além dos 900 mil portadores, estima-se que existam outras 900 mil pessoas ainda sem diagnóstico. Por isso, é importante a realização de campanhas informativas que atinjam o maior número possível de pessoas.

O glaucoma, como explica a oftalmologista, Dra. Eliana F. Pires, é uma doença ocular que provoca lesão no nervo óptico e campo visual, podendo levar a cegueira. “Na maioria dos casos, vem acompanhado de pressão intraocular elevada, mas pode ocorrer glaucoma de “baixa pressão”. Geralmente ocorre um bloqueio do fluído no interior do olho, com o tempo, isso causa dano ao nervo óptico e, se não for devidamente tratado, leva à perda gradual e irreversível da visão”, diz.

Pessoas com história de glaucoma na família, com pressão intra-ocular elevada, diabéticos, usuários de esteróides por um longo tempo, descendentes de africanos, pessoas com mais de 60 anos, principalmente de origem hispânica, portadores de lesões oculares devem ficar atentos, pois esses são os principais fatores de risco da doença. “O glaucoma é uma doença de caráter, principalmente, hereditário, por isso em famílias de portadores de glaucoma há a necessidade que todos façam os exames preventivos”, afirma Eliana, alertando para a importância do diagnóstico precoce.

O Glaucoma pode ser crônico, agudo, de pressão normal, secundário ou congênito. A oftalmologista diferencia cada um: Glaucoma crônico ou de ângulo aberto – ocorre em 80% dos casos e costuma atingir pessoas acima de 35 anos. Uma das causas pode ser a obstrução do escoamento de um líquido que existe dentro do olho chamado humor aquoso. Não apresenta sintomas no início, no entanto, se não for tratado precocemente, o paciente pode perder totalmente a visão com o passar dos anos. Glaucoma agudo ou de ângulo fechado – é quando um olho normal sofre aumento grande e repentino da pressão intraocular. Causa dor ocular tão intensa que, em geral, pode provocar crises de vômito, vermelhidão ocular e visão embaçada. Sem tratamento, o paciente pode ficar cego em apenas um ou dois dias. Glaucoma de pressão normal – nesse tipo de glaucoma, o dano ao nervo óptico e o estreitamento da visão lateral ocorrem inesperadamente em pessoas com pressão intraocular normal. Raramente o paciente apresenta sintomas bem definidos, como dor nos olhos e alteração da visão. Glaucoma secundário – decorrente de outras doenças. Em certos casos, estão associados com cirurgia ocular ou cataratas avançadas, lesões oculares, alguns tipos de tumor ou uveíte (inflamação ocular). Glaucoma congênito – a criança que nasce com glaucoma, geralmente, apresenta sintomas característicos, como olhos embaçados, sensibilidade à luz, lacrimejamento excessivo, globo ocular aumentado e córnea grande e opacificada. Essas alterações são decorrentes do aumento da pressão intraocular que pode acontecer já durante a gestação. O tratamento sugerido é a cirurgia, a qual se for feita precocemente pode apresentar bons resultados.

O glaucoma pode levar meses e até anos para se desenvolver, sem apresentar qualquer alteração. “Na maioria dos casos, a doença progride lentamente, sem que o paciente note a perda gradual da visão periférica, e normalmente, a visão vai piorando das laterais para o centro do campo visual”, esclarece Eliana.

 

Grupos de risco

 

Indivíduos com mais de 40 anos – o risco de ser portador de glaucoma aumenta com a idade;

– Raça negra – os indivíduos da raça negra tendem a desenvolver o glaucoma numa idade inferior à média, e a probabilidade de ser afetada é quatro vezes maior em relação aos brancos;

– Altos míopes – indivíduos míopes que usam lentes acima de seis graus;

– Diabéticos;

– Pacientes que tiveram trauma ocular ou doenças intraoculares;

Todas as pessoas que fazem parte de algum dos grupos acima devem se submeter a exames oftalmológicos com regularidade.

Pressão - glaucoma

O glaucoma tem cura?

“O glaucoma é uma doença crônica que não tem cura, mas, na maioria dos casos, pode ser controlado com tratamento adequado e contínuo. Quanto mais precoce for o diagnóstico, maiores são as chances de se evitar a perda da visão”, responde a oftalmologista.

 

Tratamento

 

Segundo a médica, o tratamento clínico inicial é feito com colírios que baixam a pressão intra-ocular e deve ser mantido sempre que possível. Ela diz que para a forma mais comum de glaucoma – ângulo aberto – há três tipos de tratamento:

Medicação – colírios e comprimidos – são eficazes na redução da pressão intraocular, na maioria dos casos. Em geral, os colírios são bem aceitos pelo organismo, ao contrário das medicações via oral, que muitas vezes são mal toleradas e apresentam diversos efeitos colaterais. A medicação via oral é indicada aos pacientes que não tiveram a pressão diminuída com a utilização de colírios. A eficácia do tratamento com colírio depende da disciplina do paciente. A medicação via oral deve ser usada com muito critério, pois entre os diversos efeitos colaterais que podem causar está a perda de potássio. O paciente que faz uso de comprimidos deve aumentar o consumo de alimentos que contenham potássio, por exemplo, frutas secas, agrião, banana, cenoura crua, rabanete, tomate, batata, morango, carne magra, etc.

Laser – é um recurso utilizado quando o tratamento com colírio não produz o efeito desejado. No entanto, mesmo após a cirurgia, o paciente deve continuar a terapêutica com medicamentos. A técnica é aplicada para realizar pequenas queimaduras na rede trabecular, estimulando, assim, o sistema de drenagem que está funcionando mal. A cirurgia pode ser feita no consultório e tem duração de apenas 15 ou 20 minutos.

Cirurgia – O tratamento cirúrgico é deixado para última instância, pois, apesar da alta sofisticação das técnicas clínica e cirúrgica, a falta de êxito de um procedimento mais invasivo pode significar a perda total ou imediata da visão. Porém, ele não deve ser retardado demais, já que as lesões causadas por um tratamento clínico insuficiente são impossíveis de serem recuperadas. Cirurgia de incisão – é a última alternativa. A cirurgia para o glaucoma implica em criar um novo sistema de drenagem para o olho. O tipo mais comum é a trabeculectomia, uma cirurgia de filtração do glaucoma. Essa cirurgia pode resultar numa pressão intraocular muito reduzida. Frequentemente, os colírios deixam de ser necessários quando termina o processo de cicatrização. Os resultados são positivos, mais de 75% dos pacientes passam a ter a pressão intraocular devidamente controlada.

 

DEIXE SEU COMENTÁRIO

Por favor deixe seu comentário!
Por favor informe seu nome