Alcoolismo

O álcool altera o comportamento e tem repercussões sobre vários sistemas do organismo.

 

Começa com uma dose de vezem quando. Emseguida, começa a aumentar os dias da semana que esta dose está presente, podendo aumentar também a quantidade de bebida ingerida. A sensação de liberdade e de sentir-se bem, como se todos os problemas deixassem de existir, provocada pela bebida alcoólica faz com que muitos tornam diária a prática de beber e, com o passar do tempo, torna-se um vício.

O alcoolismo é um dos problemas médicos e sociais mais importantes da atualidade. “È considerado  alcoolismo  a dependência do álcool. Quem consome, por exemplo,50 gramasde álcool por dia é uma pessoa alcoólatra, isto corresponde a duas doses de whisky ou em média de3 a4 latas de cerveja diária”, explica o cirurgião geral, Fábio Denardi.

Apesar de inúmeras campanhas, cada vez mais adolescentes e mesmo crianças começam a apresentar problemas com o uso de álcool. “A incidência do alcoolismo em mulheres (limitado no passado por razões culturais) rapidamente se aproxima dos índices masculinos”, revela o médico psiquiatra especialista em dependência química pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Leonardo Flores.

As conseqüências do alcoolismo afetam o social e a parte orgânica. Os fatores psicológicos que contribuem ou que estão associados ao desenvolvimento do alcoolismo, segundo o psiquiatra, são: a) baixa produtividade psíquica (comprometimento na capacidade de estabelecer associações psíquicas); b) menor capacidade de planejamento e avaliação prática dos fatos; c) menor atenção às dificuldades cotidianas; d)carência de autonomia e auto-afirmação; e) comprometimento na expressão e elaboração dos afetos, entre outros. A parte orgânica, conforme Denardi,  pode ter repercussão sobre vários  sistemas, dependendo da pré-disposição do paciente e do tempo de uso do álcool, como cirrose, atrofia cerebral, hipertensão, miocardiopatia dilatada e alguns câncer de cavidade oral.

Alcool na sociedadeOs danos sociais evidenciam-se na modificação do comportamento dos pacientes. “As alterações ocorrem no seguinte sentido: falta de diálogo com o cônjuge, freqüentes “explosões” temperamentais com manifestação de raiva, atitudes hostis, perda do interesse na relação conjugal. No trabalho, os colegas podem notar um comportamento mais irritável do que o habitual, atrasos e mesmo faltas. Quando essas situações acontecem é sinal de que o indivíduo já perdeu o controle da bebida e pode estar travando uma luta solitária para diminuir o consumo do álcool, mas geralmente as iniciativas pessoais resultam em fracassos”, afirma Flores.

Acidentes de carro e exclusão social também estão relacionados ao alcoolismo. Porém, mesmo com todas estas situações causadas e/ou agravadas pelo álcool, o alcoólatra, dificilmente, assume a sua dependência e procura tratamento por conta própria, por isso o apoio da família é fundamental. “O diagnóstico é feito baseado na história contada pela própria família, já que o alcoólatra tem uma tendência à negação e dificilmente vai assumir que é dependente do álcool”, conta o cirurgião geral. O psiquiatra ressalta que o papel ativo da família é essencial para o tratamento, reabilitação e reinserção social do seu familiar que sofre de alcoolismo. “Muitas famílias procuram o apoio junto aos técnicos de saúde, permitindo assim que estas superem e sobrevivam às dificuldades que encontram. No entanto, há aquelas que não o fazem, levando ao seu adoecimento, ou seja, não conseguem lidar com as recaídas, conduzindo à sua desestruturação ou destruição”, alerta Flores.

Durante o tratamento, as recaídas acontecem na maioria dos casos. “A família deve estar preparada para o fato de o doente poder ter recaídas ao longo do tempo, o que pode conduzir a um possível internamento hospitalar. É bastante importante o apoio da família ao doente durante o tempo da sua permanência no hospital  e posteriormente em seu tratamento ambulatorial, através de reforço positivo, mostrar interesse em saber como vai a evolução da sua doença”, argumenta Flores.

O tratamento, segundo Denardi, é medicamentoso e precisa de acompanhamento de um psicólogo e psiquiatra. “A abordagem do paciente dependente de álcool deve ser diretiva, mas sem deixar de ser acolhedora, clara, simples, breve e flexivel”, diz o psiquiatra.

A eficácia do tratamento deve-se muito a motivação do dependente em mudar sua conduta frente ao álcool. O primeiro passso, de acordo com Flores, é reconhecer que é um doente, pois o alcoolismo é uma doença que infelizmente não tem cura,  assim tomar consciência do problema é preciso para que numa segunda etapa comece a desenvolver mudanças em seu estilo de vida. Conforme os médicos, além do apoio da família, o Alcoólicos Anônimos (AA), o uso de medicação e terapias são de extrema importância para que o alicerce da recuperação seja consolidado e permanente.

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