Prevenção ao câncer

Médicos relatam que incertezas e medos relacionados a crise do novo coronavírus fizeram com que pacientes deixassem de lado a prevenção ao câncer

Desde os primeiros casos de Covid-19 confirmados aqui, um dos lugares menos visados a serem visitados foram os ambientes hospitalares. 

O principal receio era que como esses espaços recebem públicos com diversas patologias, eventualmente alguém contaminado pelo novo coronavírus pudesse circular por ali também.

Ter receio da Covid e evitar espaços públicos é compreensível e até mesmo recomendado em maior parte dos casos. Porém, isso não quer dizer que os cuidados com outras doenças podem ser dispensados.

Um fenômeno preocupante vem sendo notado por médicos que trabalham com pacientes oncológicos. Muitos cancelaram consultas e exames de rastreamento rotineiros. 

Isso é bastante perigoso, já que a demora no diagnóstico pode apresentar um quadro mais grave, o que reduz a chance de cura ou de que o tratamento seja mais eficaz. O câncer é a segunda doença que mais mata no Brasil, ficando atrás, apenas, de problemas cardiovasculares crônicos.

A médica patologista e membro da Associação Brusquense de Medicina, Karla Patrícia Casemiro, expões alguns dos impactos.

“A sobrevida diminui e a qualidade de vida piora. Alguns pacientes perdem a oportunidade de cirurgia com fins de cura e acabam na cirurgia paliativa”.

Números mostram que a prevenção ao câncer diminuiu

Atualizado anualmente, o Radar do Câncer, mantido pelo Instituto Oncoguia, ilustra a preocupação de Karla e de muitos outros de seus colegas da área médica. 

As informações que compõem o material foram compiladas a partir de dados do sistema DATASUS e consideraram procedimentos de prevenção ao câncer e tratamento.

Entre os sinais percebidos de que as pessoas não estão dando a devida atenção a esse tema, está a diminuição de biópsias, uma das principais formas de diagnóstico. Ocorreu uma redução de quase 40%, ao se comparar 2019 com 2020. De 737.804 desses procedimentos realizados no ano anterior à pandemia, o número caiu para 449.275 no período seguinte. 

Os procedimentos de rastreamento para mulheres também tiveram queda. Os exames citopatológicos e mamografias caíram pela metade. Essas são as formas de descobrir precocemente os cânceres de colo de útero e de mama.

Sistema imunológico de pacientes oncológicos preocupa, mas não deve impedir a prevenção

A principal preocupação de pacientes dessa área quando o assunto é pandemia, diz respeito à baixa imunidade.

De fato, isso pode fazer com que a chance de contrair o vírus responsável pela Covid-19 seja maior. Ao mesmo tempo, essas pessoas possuem maiores chances de evoluírem para casos graves. Por isso, redobrar os cuidados de prevenção propostos pelas autoridades sanitárias é primordial.

Porém, a preocupação com a saúde deve contemplar todos os aspectos, não sendo tomadas apenas ações de tapa buracos. Nesse sentido, uma recomendação da Dra. Karla é importante.

“Não deixem de ir nas consultas de rotina e fazer os exames preventivos, sejam quais forem”, lembra.

As pessoas devem retomar as visitas aos médicos e continuar o acompanhamento.

Dependendo do tipo de câncer e do órgão afetado, um mês pode ser a diferença entre a cura e a doença avançada, sem tratamento eficaz. Pacientes com doenças crônicas não podem deixar o acompanhamento sendo que aqui o tempo é essencial

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