Butanvac e Versamune

A ButanVac e Versamune foram anunciadas e protocolaram os testes clínicos junto a Anvisa. Expectativa que os imunizantes nacionais barateiam e facilitem a produção

Na sexta-feira, 26 de março, a notícia que promete trazer para mais perto o final da pandemia foi dada. No começo da tarde, o Instituto Butantan, em São Paulo, anunciou que iria entrar com pedido para início dos testes clínicos de sua vacina para o novo coronavírus fabricada totalmente no Brasil, a ButanVac, como passou a ser chamada.

Horas depois, ainda durante a mesma tarde, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, o MCTI, anunciou por meio de coletiva de imprensa que mais um imunizante entrou com pedido para iniciar os testes. Era a Versamune, fruto da parceria entre a pasta do ministro Marcos Pontes, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto e empresas do setor privado.

Facilitando as campanhas de vacinação

A expectativa é os imunizantes feitos com insumos fabricados no país barateiem e facilitem as campanhas de vacinação. Foto: Instituto Butantan

O pesquisador e professor de microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Leandro Lobo, conversou com a Mais Saúde a respeito das duas iniciativas. Segundo a opinião do especialista, o fato delas não dependerem da importação de IFAs, os insumos farmacêuticos ativos, como as vacinas usadas até o momento é o que mais soma aos esforços de imunização da população.

A independência dos produtos que vêm de outros países é o principal ganho. “Isso nos dá autonomia e permite escalonarmos a produção nacional para atendermos a demanda de doses no país”, observa o pesquisador, destacando o potencial de aceleração da vacinação;

No caso da ButanVac especificamente, Leandro destaca ainda outro ponto de crucial importância. Ela necessita apenas de laboratórios de nível de biossegurança 2, que são mais baratos de se manter e mais comuns que os de nível 3, que outras vacinas demandam. Também conhecidos como BL2, as estruturas desse porte estão presentes em diversas instituições e universidades.

Além disso, por ser uma pesquisa que usa ovos embrionados para replicação do vírus, a sua produção é barateada. “Esse é um dos maiores fatores para baratear a produção, porque você pode simplesmente injetar o vírus em um ovo com embrião, que vai se replicar e assim o vírus se multiplica junto. Ao contrário de muitas outras, como a CoronaVac, que precisam usar culturas de células na fabricação, muito mais caras”, explica.

Ainda é necessário testar

Apesar do anúncio das vacinas ser importante, elas ainda precisam passar pelos testes clínicos para de fato comprovar a eficácia na contenção do vírus que tanto incomodou o mundo nos últimos 15 meses. As duas opções já passaram pela fase chamada de pré-clínica, aquele momento em que o estudo é realizado em laboratório, geralmente em animais.

Na mesma data em que foram anunciadas, ambos os imunizantes entraram com o pedido junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, para iniciar a testagem de fase 1 e 2, que são realizadas em grupos pequenos e médios de voluntários humanos. Para ambos os casos, o órgão solicitou mais dados obtidos em laboratório ou mais documentos antes de liberar o teste em humanos.

A expectativa do instituto paulista é que os testes de seu imunizante sejam iniciados em abril e concluídos em junho. Em nota, o Butantan relatou que caso tudo ocorra como previsto, 40 milhões de doses devem ser disponibilizadas ainda em julho deste ano. Já a equipe responsável pelo desenvolvimento da Versamune afirmou ao portal G1, do Grupo Globo, que o imunizante só deve começar a aplicado em 2022.

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