O mês é dedicado à conscientização da doação de órgãos e dia 27 é o Dia Nacional da Doação de Órgãos

A morte de um ente querido é um dos mais sensíveis momentos na história de qualquer família. Mas, apesar do luto, esse não precisa ser o capítulo final de uma passagem pela terra. O que é visto como fim, pode se reverter em esperança e principalmente em vida. Isso é possível com a doação de órgãos e tecidos. Afinal, a doação de uma só pessoa pode salvar e mudar a história de até outras oito.

Com o objetivo de sensibilizar a população quanto a esse tema, todo o mês passou a ser dedicado à campanha Setembro Verde. As atividades de conscientização ocorrem durante o período e culminam no Dia Nacional da Doação de Órgãos, 27/09. Podem ser doadas córneas, rins, fígado, coração, pulmão, pâncreas além de outros órgãos e tecidos.

Melhorando números da doação de órgãos

A importância dessas atividades pode ser observada através de uma informação da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), que indica que apenas um em cada oito potenciais doadores é notificado ao Sistema Nacional de Transplantes. Para se ter uma ideia de comparação, a Espanha, uma das referências mundiais nessa área, registra 40 doadores por milhão de pessoas. No Brasil, a taxa não chega a 20 doadores para cada milhão.

Para ser um doador de órgãos não é necessário preencher nenhum documento. Basta comunicar a família o desejo. Aliás, conversar com seus familiares sobre isso é muito importante. De acordo com dados do Sistema Estadual de Transplantes do Paraná (SET/PR), em 2021, das 1257 notificações de pacientes com morte encefálica no estado, apenas 412 se converteram em doações efetivas.

Do número total, foram 159 casos em que a família não autorizou o procedimento, ou seja, 25% das vezes. O mesmo se repete no período de janeiro a maio de 2022. De 501 notificações, apenas 198 se tornaram doações efetivas. As 77 recusas familiares representam 26% dos motivos de não doação.

Doações de órgãos por milhão de população no Paraná

Comissão local

Apesar dos números de notificações não convertidas em doações, o Paraná se destaca positivamente na doação de órgãos.

“O nosso estado hoje é referência em doação e transplantes. É o líder em em números e estatísticas”, afirma Jessyca Braga, enfermeira do Hospital São Vicente (HSV), em Guarapuava. Para se ter ideia, a média atual é de 41,6 doadores por milhão. Número similar ao da Espanha, destaque mundial nesse quesito.

Jéssyca atribui esse fato ao forte trabalho de comunicação realizado por aqui. Algo que ela mesma contribui, afinal, comanda a Comissão Intra-Hospitalar para Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) do HSV. Essa é uma equipe que acompanha a família do paciente potencial doador. Assim, o trabalho deles é orientar quanto aos procedimentos necessários e dar toda a assistência familiar. Afinal, é um momento delicado para a família.

O time é formado por uma equipe de enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais do Hospital São Vicente de Paulo. “A gente organiza o protocolo assistencial para o diagnóstico de morte encefálica e acompanha todas as rotinas de exames. Também fazemos o acolhimento dos familiares desses pacientes”, explica a enfermeira.
Conversar com a família é parte muito importante do trabalho.

“É muito difícil entender que o paciente está na UTI, que está quentinho, que tem movimento respiratório, que tem batimento cardíaco, que pode ser que ele pode ser que não esteja mais conosco”, relata.

O trabalho do CIHDOTT e as campanhas de Setembro Verde vem contribuindo para diminuir a resistência das pessoas quanto a esse assunto.

distribuição das notificações de doação de órgãos

Destinação

Existem dois protocolos de atendimento para doação de órgãos. Um por morte encefálica, em que é possível doar órgãos e tecidos. E o coração parado, em que é possível realizar a doação de córneas.

De acordo com o SET/PR, os órgãos doados são destinados a pacientes que necessitam de transplante e estão aguardando em uma lista única de espera, fiscalizada pelo Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde e Centrais Estaduais de Transplantes.

A seleção de um paciente que aguarda por um transplante, ocorre com base na gravidade de sua doença, tempo de espera em lista, tipo sanguíneo, compatibilidade anatômica com o órgão doado e outras informações médicas importantes.

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