Conversar sobre situações reais da maternidade de maneira não romantizada pode ser uma das formas de prevenção

 

A Depressão Pós-Parto (DPP) é uma condição de tristeza e desesperança que algumas mulheres apresentam após o parto. É importante lembrar que não existe uma única causa para a DPP, que pode surgir por inúmeros fatores, sejam eles de ordem física (privação do sono, falta de apoio do(a) parceiro(a), falta de apoio da família, sedentarismo, isolamento, vícios), mental (depressão, ansiedade, estresse e outros transtornos mentais) ou hormonal, quando ocorre o desequilíbrio de hormônios da gestação, o estrógeno e progesterona, devido ao término da gravidez. “Além disso, uma gravidez não planejada, indesejada, ou decidida por pressão familiar também pode levar a uma depressão pós-parto”, afirma a psicóloga Marionita Gonçalves.

Os primeiros e principais sintomas de uma DPP são mudança brusca de humor, irritabilidade, excesso de raiva por qualquer motivo, muito choro, fadiga, perda de energia, perda de apetite ou excessos, desinteresse em cuidar do bebê sempre delegando as atividades para outros, dificuldade de concentração, insônia ou desejo de dormir o tempo todo. “A mulher costuma sentir-se culpada e inadequada, também se afasta dos amigos e familiares e repete frequentemente que não é uma boa mãe”, diz a psicóloga. Além disso, deve-se ficar alerta caso os sintomas sejam mais intensos, como pensamentos suicidas, pensamentos em prejudicar a si ou ao bebê, dificuldade em estabelecer um laço de afeto ao bebê, ansiedade excessiva e crises de pânico. Em alguns casos, os sintomas se apresentam ainda ao longo da gestação e em outros, em cerca de três a seis meses após o parto.

É importante não confundir a depressão pós-parto com o chamado baby blues, que é caracterizado por ser um período em que a mãe sente uma enorme melancolia, tristeza, sensibilidade, vontade chorar, insegurança, ansiedade, medo, insônia, impaciência e vontade de isolamento. “A diferença do baby blues para a DPP está na intensidade dos sintomas e na duração. Os sintomas do baby blues duram em média duas semanas, enquanto os da depressão pós-parto, que são muito mais intensos, duram mais tempo”, explica Marionita.

Para o tratamento, o apoio familiar e do(a) parceiro(a) é imprescindível, pois muitas vezes, as mulheres não querem reconhecer que estão passando por uma pepressão pós-parto. “Na maioria dos casos, são os maridos que procuram os médicos e relatam os sintomas, por isso os parceiros não podem menosprezar esses sintomas. É preciso fazer um acompanhamento psicológico e psiquiátrico, no mercado já existem medicamentos para tratamento da DPP, mas lembrando que só a medicação não é suficiente, também é necessário psicoterapia e os tratamentos são a longo prazo”, ressalta a psicóloga. Sem contar que o tratamento também é aconselhável para os bebês, que são os principais atingidos pelo sofrimento da mãe.

A psicóloga ainda menciona um hábito que pode auxiliar como prevenção da DPP, que é a desconstrução da maternidade perfeita. “As mulheres precisam conversar mais sobre as dificuldade e desafios da maternidade. Buscar o autoconhecimento, suas habilidades e limitações, seus valores, crenças e possibilitar uma maternidade possível, real e livre de julgamentos. Sempre bom lembrar que a maternidade é feita de muitas alegrias, mas também de tristezas e fracassos e muito diferente do que planejamos e sonhamos”, finaliza.

 

Psicose Pós-Parto

Existe também outro quadro que é a psicose pós-parto, ou psicose puerperal, um transtorno psicótico breve que dura em média duas semanas. “Os principais sintomas são delírios, alucinações, surtos, raiva da criança e perturbação mental, e eles podem piorar caso não tenha assistência adequada. A mãe nessa situação deve ser monitorada para não fazer mal a si e ao bebê. É uma condição mais rara, que pode ser confundida com DPP”, explica Marionita.

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