ortopedia pediátrica

A Ortopedia Pediátrica é uma subespecialização voltada para a saúde osteomuscular de crianças e adolescentes. Por Gustavo Werle Ribeiro, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica e Comitê ASAMI

A ortopedia é vasta em subespecialidades, incluindo os diversos segmentos anatômicos e faixas etárias. Uma delas é ortopedia infantil, que cuida de defeitos e lesões do sistema osteomuscular do indivíduo com esqueleto imaturo.

Na infância e adolescência, estando em crescimento, o osso possui suas peculiaridades, merecendo atenção e abordagem diferenciada. A criança não é um “miniadulto”, daí da necessidade da subespecialização.

Diferentemente do adulto, seus ossos possuem cartilagens de crescimento, ou fises que determinam o crescimento longitudinal. Além disso, há o espesso periósteo, a “pele” do osso, que faz com que o resultado de traumas também tenha uma resposta diferente, bem como o tratamento.

Outra característica do comportamento ósseo em desenvolvimento é a sua capacidade de remodelamento. Ou seja, após uma deformidade adquirida pós trauma ele tem a capacidade recuperar seu alinhamento, dependendo da idade e da parte do corpo.

Isso faz com que desvios aceitáveis, residuais após a consolidação de fraturas (quando o osso “cola”), sejam muito maiores do que naquele que já atingiram a maturidade óssea.

Aplicações da Ortopedia Pediátrica

Por definição o ortopedista pediátrico atende pacientes do nascimento até 18 anos de idade, sendo que as principais patologias relacionadas são:

  • Deformidades nos pés: pé torto congênito, pé chato, pé cavo, marcha em equino (andar na ponta dos pés), entre outras;
  • Deformidades rotacionais, sendo a mais típica os pés voltados para dentro;
  • Geno valgo e geno varo (joelhos arqueados para dentro ou para fora);
  • Dismetria de membros inferiores (tamanho desigual dos membros);
  • Deformidades nos quadris, como displasia congênita do quadril e legg calvé perthes;
  • Deformidades na coluna, Ttórax e pescoço, como escoliose, cifose e torcicolo congênito;
  • Deformidades congênitas ou adquiridas em membros superiores;
  • Doenças neuromusculares, como paralisia cerebral e mielomeningocele;
  • Tumores ósseos e infecções osteomusculares;
  • Fraturas, luxações e lesões musculares e ligamentares.

 

Vale salientar que muitas deformidades aparentes consistem em variações fisiológicas da normalidade. Mas, também, que muitas lesões iniciais tem seu prognóstico favorecido quando realizado tratamento precoce. Por isso é importante procurar um especialista na área em caso de dúvidas, para que o melhor tratamento seja instituído.

 

Reconstrução e Alongamento Ósseo

Pouco compreendida, a subespecialidade conhecida como reconstrução e alongamento ósseo tem sua aplicação menos frequente que outra. Porém, isso não quer dizer que é menos importante.

No caso de falhas ósseas, muitas vezes o enxerto ósseo não é suficiente para reabilitar o osso para sua conformação original. A partir disso, surge a necessidade de um processo de alongamento ósseo.

Basicamente, o princípio do alongamento ósseo ocorre mediante uma osteotomia. Esse processo se da por um corte na região do osso saudável, realizado geralmente nas metáfises (extremidades ósseas), análogo a uma fratura.

Antes que o osso consolide é iniciado o transporte do mesmo, pelo próprio paciente sob orientação do médico. Isso faz com que se crie um osso imaturo, chamado de regenerado.

Quando o comprimento desejado é atingido o transporte é cessado, então passando a aguardar até que o osso se desenvolva até sua consistência natural. Este processo é realizado geralmente por meio de fixadores externos (que ficam por fora da pele), porém pode ser associado a materiais internos (placas ou hastes).

O órgão que representa a especialidade é o Comitê ASAMI (Associação para o Estudo e Aplicação dos Métodos de Ilizarov). As principais indicações são em casos de:

  • Falhas ósseas após fratura graves ou ressecção de tumores;
  • Osteomielite crônica (infecção óssea);
  • Deformidades congênitas ou adquiridas;
  • Pseudoartrose (situação descrita como falha na consolidação após tempo determinado);
  • Dismetria de membros inferiores.

Muitas pessoas possuem deformidades em membros, principalmente após tratamentos mal sucedidos, e não sabem que existe possibilidade de correção.

É importante saber que muitas vezes o sofrimento do paciente pode ser evitado, ou pelo menos ter seu prognóstico melhorado, recuperando qualidade de vida, por meio da correção de deformidades.

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