Existem várias situações que podem contribuir para a perda auditiva, e a música alta é uma delas. Saiba como evitar esse problema

É muito frequente encontrar pessoas na rua usando fones de ouvido. O acessório, que se popularizou com os tocadores portáteis como MP3, MP4, Ipods e celulares, tornou-se item de primeira necessidade para os fãs de música. No entanto, o otorrinolaringologista Maurício Kulka alerta que é preciso atenção, pois o uso incorreto desses acessórios pode causar danos à audição.

Apesar de não ser raro cruzar com pessoas ouvindo música muito alta – a ponto de o som escapar do fone – esse exagero no volume é a principal “derrapada” dos usuários.

Segundo o otorrinolaringologista, a maioria dos fones de ouvido do mercado possui potência máxima de 90 a 120 decibéis, sendo que o limite saudável, de acordo com ele, é de 60 a 85 decibéis, que no aparelho geralmente se situa entre 50% a 60% do volume máximo. Além disso, a intensidade e o tempo de exposição ao som também interfere. “Ultrapassando esse limite, e tendo o tempo de exposição prolongada, os acessórios podem causar danos à parte interna do ouvido, que é a parte mais sensível”, explica.

Maurício ainda salienta que os fones de ouvido por inserção, aqueles que são colocados dentro do ouvido, são mais prejudiciais do que outros modelos, pois não conseguem vedar o barulho externo, fazendo com que as pessoas aumentem o volume, mesmo sem perceber, para encobrir o barulho de fora.

O contato do aparelho com o canal do ouvido também é responsável por aumentar em até três vezes a intensidade do som, machucando o canal, causando a retenção de cerume, e até possíveis inflamações. “O ideal é utilizar fones de ouvido em formato de concha, aqueles que ficam para fora do ouvido, sempre buscar usar a marca indicada pelo fabricante do aparelho, que tenha um isolamento acústico bom, uma boa qualidade de som, para que se evite esse deslize de colocar no volume máximo”, aconselha o médico.

Esse mau hábito de aumentar o volume para compensar o barulho externo, somado a utilização do acessório durante grandes períodos, são fatores altamente prejudiciais à audição. Sendo assim, o otorrinolaringologista aconselha baixar o volume em caso de exposição prolongada. “Um áudio de 85 decibéis pode ser ouvido por até 8 horas. Já 110 decibéis são saudáveis por apenas 30 minutos”, acentua.

Agora você já sabe: música nas alturas na caminhada ou corrida, balada com frequência, trabalho em fábrica com alta poluição sonora e sem proteção adequada, são situações que contribuem para a perda auditiva no decorrer dos anos.

 

 Como posso saber se minha audição está prejudicada?

Existe um exame específico para avaliar a saúde de seu ouvido: a audiometria, que detecta toda e qualquer anormalidade auditiva e permite medir o grau e tipo de alteração. Esse exame só pode ser realizado por um fonoaudiólogo ou otorrinolaringologista, pois são estes os profissionais habilitados a orientar corretamente todas as etapas para a realização do procedimento.

De acordo com a fonoaudióloga Larissa Maibuk, esse exame é feito com o paciente dentro de uma cabine acústica, usando um fone de ouvido, que visa isolá-lo do ruído ambiental. “Durante o exame, apresentamos estímulos com o aparelho, e o paciente responde quando ouve esses estímulos. Assim, sairá curvas da audição do paciente e através delas podemos observar se a audição está normal ou está com perdas. Cada curva tem uma característica de uma patologia ou de uma alteração”, explica.

Há também a impedânciometria que, como explica Larissa, serve como complemento da audiometria, fornecendo informações objetivas sobre a integridade funcional das estruturas do sistema auditivo (tímpano, ossículos, transmissão nervosa, etc).

Segundo a fonoaudióloga, existem três tipos de perdas auditivas que podem ser detectadas com esses exames. São elas:

  • Perda auditiva neurossensorial: É a perda auditiva mais comum. É um indicador de problemas no ouvido interno. Esse tipo de perda é permanente e não pode ser corrigida por medicamentos, porém aparelhos auditivos na maioria das vezes ajudam bastante;
  • Perda auditiva condutiva: É a perda auditiva resultante de um problema localizado no ouvido externo ou ouvido médio. É causada por algum bloqueio que impede a passagem correta do som até o ouvido interno. As perdas auditivas condutivas não são necessariamente permanentes, sendo reversíveis por meio de medicamentos e cirurgias;
  • Perdas auditivas mistas: Ocorre quando há problemas tanto no ouvido externo/médio quanto no ouvido interno. Perdas auditivas mistas podem ser tratadas por cirurgia assim como por aparelhos auditivos.

Por Camila Neumann

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