Preocupar-se demais com o que ainda nem aconteceu é um sentimento danoso que pode desequilibrar sua qualidade de vida

No contexto atual da vida moderna, vivemos com a adrenalina a mil por hora. Decisões importantes precisam ser tomadas a cada instante, sofremos pressão no trabalho, na faculdade, na família. Nos preocupamos com o dia de amanhã constantemente.  Nessa luta diária, o organismo dá sinais de alerta para o descanso e o cuidado com o corpo e a mente. A ansiedade é um destes sinais. Esse sentimento de apreensão, uma sensação de que algo ruim está para acontecer, representa um contínuo estado de alerta e uma constante pressa em terminar as coisas que ainda nem se iniciaram.

Quem nunca sofreu por antecipação em uma determinada situação? Às vezes nem vivenciamos o problema e já estamos nos preocupando com ele, e consequentemente sofrendo. Fazemos um roteiro mental, geralmente pessimista sobre uma determinada situação e sofremos antes mesmo de acontecer. Vem o vestibular, uma prova de concurso, um trabalho para apresentar em público, uma entrevista de emprego e outras tantas oportunidades, e nosso pensamento já está lá em estado de derrota.

De acordo com a psicóloga Tania da Silva, o sofrimento antecipado é fruto da cultura atual em que vivemos, onde encontrar a felicidade plena é a coisa mais importante da vida. “Nos cobramos o tempo todo que precisamos estar feliz, e por isso temos dificuldades em lidar com os problemas. Nossa cultura vivencia tudo de forma muito superficial e isso gera instabilidade e pessoas menos resilientes. Ser resiliente é poder suportar crises e amadurecer com elas, é isso que fará que tenhamos mais estrutura para suportar as adversidades da vida”, explica.

Conforme a psicóloga, a vontade que o tempo pare ou ande mais depressa, a vontade que as pessoas pensem e ajam de forma diferente, e principalmente a impotência sentida ao percebermos que não estamos no controle, são alguns dos gatilhos desse mal. Além desses sintomas comportamentais, a preocupação excessiva ocasiona problemas de saúde, como fadiga, dores de cabeça e musculares, problemas estomacais, insônia, falta de ar, tontura, palpitação cardíaca, agitação, irritabilidade, medo excessivo, entre outros.

Esses sintomas podem contribuir para que a ansiedade se torne um distúrbio, e dessa forma necessita-se buscar ajuda profissional. Em alguns casos, segundo a psicóloga, a introdução de medicamentos é necessário, além do tratamento psicoterápico que vai ensinar a compreender e como lidar com os sintomas que estão gerando muito sofrimento e “paralisando” o indivíduo.

Contudo, segundo Tania, uma das melhores formas de lidar com a ansiedade é aceitar que esse sentimento faz parte de nossa vida, e é o que nos mobiliza a sair da inércia. Ao aceitar a ansiedade, o sofrimento desnecessário cessa.  “Não adianta negar essa sensação, pois não é dessa forma que irá superá-la. Devemos compreender que todos nós estamos no mundo para fazer história, que todos temos desejos e que todos agimos de acordo com nossos valores. Não temos como ter controle de tudo. O bom da vida não é sabermos o que irá acontecer amanhã, então temos que aprender a viver o hoje. Como diria o profeta Horácio: Carpe Diem! (aproveite o dia)”, aconselha a psicóloga.

 

Por Camila Neumann

 

 

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