Profissionais esclarecem a função, doenças e tratamento desta glândula.

 

Com a função de produzir hormônios, o T3 e T4, responsáveis pelo controle do metabolismo do organismo, a tireóide fica localizada na porção central e anterior do pescoço. “A glândula atua no organismo inteiro e os hormônios produzidos por ela são responsáveis pelo crescimento saudável do cabelo, pele sedosa, disposição para realizar as atividades, exercer um sono restaurador, entre outras funções”, afirma a endocrinologista, Fabiana F. Diéguez Ortega.

A glândula da tireóide pode apresentar doenças que acometem a sua função, a sua forma (volume), ou ambas. “Em relação a sua função ocorre alteração na produção de hormônios, classificados em hipertireoidismo ou hipotireoidismo, já o aumento difuso e a modificação da anatomia da glândula estão relacionados à sua forma”, explica o médico especialista em cirurgia de cabeça e pescoço, David Livingstone. Segundo ele, de30 a40% da população tem nódulos de tireóide, sendo a maioria menor que um centímetro.

Os nódulos tireoidianos podem ser únicos ou múltiplos, benignos ou malignos. Conforme o cirurgião de cabeça e pescoço, aproximadamente 90% dos casos apresentam nódulos benignos. “O câncer de tireóide é um câncer bem diferenciado e tem um nível de cura altíssimo”, informa. Contudo, é bom ficar atento, porque esta doença é assintomática e apenas “quando o aumento do volume do nódulo for muito grande pode ocorrer dificuldade para engolir os alimentos, rouquidão ou falta de ar”, avisa Livingstone. Critérios como idade do paciente, tamanho dos nódulos, presença de tumor que invade as estruturas adjacentes e alguns tipos de tumor mais agressivos influenciam no nível de cura do câncer.

Já as doenças funcionais, hipertireoidismo ou hipotireoidismo, é possível detectar os sintomas mais facilmente. “O hipertireoidismo tem como resposta a insônia, taquicardia, perda de peso, inquietação, irritabilidade, diarréia, pele úmida e quente, e o hipotireoidismo pode apresentar sonolência, ganho de peso, cansaço, queda de cabelo, constipação (intestino preso), dor nas pernas, dor no corpo, memória lenta, pele seca e fria”, esclarece Fabiana.

O hipertireoidismo é menos comum e acontece, segundo a endocrinologista, pela produção excessiva de hormônios, ao contrário do hipotireoidismo que é devido a deficiência hormonal. O hipotireoidismo é tratado como o vilão da história para quem quer emagrecer, e será que ele é tão culpado assim? Fabiana responde que ele dificulta o emagrecimento quando não está controlado, mas que a partir do momento que está controlado não existe mais esta dificuldade pela doença, podendo ocorrer por outros fatores.

O fator genético é um dos motivos relacionados para o aparecimento tanto das doenças funcionais como dos nódulos tireoidianos. Além da hereditariedade, está sendo citado na literatura, de acordo com Livingstone, os disruptores endócrinos, substâncias presentes nos alimentos que podem alterar a ação ou eliminação de hormônios endógenos, e a radiação, principalmente em pessoas tratadas com radioterapia ou que mantiveram contato elevado com o aparelho de Raio-X.  “Se tiver caso na família e sentir alguns dos sintomas do hipertireoidismo ou hipotireoidismo é importante realizar os exames”, completa a endocrinologista.

 

Diagnóstico:

 

“Para constatar a hiper ou hipotireoidismo é preciso fazer o exame de triagem ou TSH”, diz Fabiana. Já para avaliar a presença de nódulos, segundo o cirurgião de cabeça e pescoço, os principais exames são a ultra-sonografia e a biópsia por punção aspirativa. “O ultrassom é de extrema importância para constatar as características dos nódulos como, por exemplo, o tamanho, localização dentro da glândula, e, principalmente, os nódulos não palpáveis”, afirma.

A biópsia por punção aspirativa é um exame mais sensível para detectar a malignidade do nódulo. “Este exame é fundamental para a decisão de realizar a cirurgia de tireóide, em que, os resultados malignos ou suspeitos são indicativos de cirurgia pela probabilidade de ser um câncer”, declara Livingstone.

 

Quando é necessário realizar a cirurgia?

 

As  principais razões para realizar a tireoidectomia (cirurgia da tireóide) são “diagnóstico suspeito de câncer, biópsia duvidosa, que somente a cirurgia pode dar certeza se o nódulo é maligno ou não, nódulo que mantêm crescimento ou que levam a sintomas de compressão de estruturas cervicais, causando dificuldades para engolir e respirar”, explica o cirurgião de cabeça e pescoço. Outro motivo, segundo ele, é para pacientes com hipertireoidismo, quando este não tolera o tratamento com remédios ou não está sendo suficiente para controlar a doença. Além disso, mas em menor freqüência, a cirurgia é feita por desconforto estético.

A cirurgia de tireóide, como toda cirurgia, tem critérios e riscos específicos ao paciente, por isso sempre deve ser realizada por um profissional especialista na área. Um exemplo, conforme Livingstone, que precisa ter muito cuidado, é durante a tireidectomia lesar ou tirar as glândulas paratireóides, que ficam situadas junto à glândula tireóide, e são responsáveis pela produção de um hormônio (PTH) que controla o nível de cálcio no sangue. Com isso, poderá haver uma diminuição temporária ou definitiva da função destas glândulas ocorrendo queda do nível de cálcio no sangue (hipocalcemia). Os sintomas da hipocalcemia são formigamentos nas mãos, nos pés, ao redor dos lábios, nas orelhas, e até mesmo cãimbras.

No geral, a recuperação da cirurgia é rápida. “A maioria dos meus pacientes ficam internados 24h e após recebem liberação do hospital, claro que isto depende das condições de cada paciente”, diz o médico. No pós-operatório da tireidectomia total, segundo ele, é necessário a reposição definitiva dos hormônios tireoidianos; já nos casos de tireidectomia parcial apenas 25% dos pacientes necessitarão de reposição dos hormônios.

DEIXE SEU COMENTÁRIO

Por favor deixe seu comentário!
Por favor informe seu nome