Fase marcada por inúmeras mudanças, sejam elas físicas, psicológicas ou sociais

 

A adolescência é uma fase da vida repleta de mudanças. À medida que o corpo muda, os pensamentos e vontades também. E com tantas alterações, os conflitos internos e externos são frequentes nesta etapa que marca a transição da infância para fase adulta.

Aquele que era uma criança e ainda não se sente adulto sofre com a identidade abalada: o desejo pela independência se contradiz com a vontade de ainda ser cuidado. Novas emoções e reflexões geram tensão e estresse, diminuindo muitas vezes a concentração e a capacidade de memorização, podendo interferir diretamente no rendimento escolar.  “Diante disso tudo, ainda é esperada a escolha de uma profissão, e a pressão pode levar a más escolhas, que podem refletir no futuro deste jovem”, explica a musicoterapeuta Anna Paula Amaral.

 

Tecnologia que afasta os que estão próximos

Fazendo parte de uma geração em que o mundo virtual se sobressai ao real, muitos têm utilizado as redes sociais e aplicativos para encontrar uma realidade diferente da que vivem. É um mundo onde criam um “personagem” que este adolescente gostaria de ser, fazendo com que ele se isole e viva uma falsa realização. “A busca incessante por curtidas, seguidores e visualizações, por exemplo, mostra a necessidade de aceitação e esse mundo fantasioso pode ser abalado, se não for trabalhada a identidade desses jovens nessa fase”, relata Anna Paula.

Assim, os pais têm papel fundamental para que os sentimentos conflitantes sejam minimizados. Eles devem apoiar e demonstrar amor mesmo nos momentos em que não reconhecem mais seus filhos, e quando suas atitudes não são as esperadas ou idealizadas por eles. “Entretanto, eles também devem ficar atentos as suas próprias emoções, suas frustações, as projeções não realizadas e reaprenderem como lidar com seu ‘novo’ filho”, ressalta a musicoterapeuta.

 

Os benefícios da terapia

Visando o bem-estar global, tanto dos filhos como o dos pais, a musicoterapia é de extrema importância. Longe de ser aula de música, ela tem finalidades psicoemocionais, com comprovação científica e curso de graduação específico, sendo seu principal recurso a linguagem não-verbal como sons, ritmos, melodias e harmonias.

A ideia de que a terapia se resume a técnicas de relaxamento é comum, porém não se resume a apenas isso, nesse caso são utilizadas em situações de ansiedade e dor intensa, por exemplo. No caso dos jovens, as mais utilizadas são a improvisação e a recriação, com instrumentos de percussão, jogos, sons e músicas.

Também não se trata de uma terapia holística, embora tenha a visão do indivíduo como um todo, não aborda nenhuma religião ou misticismo. A musicoterapeuta Anna Paula trabalha com grupos de adolescentes e pais e afirma que os encontros propiciam o autoconhecimento, resolução de conflitos internos, elevação da autoestima, sociabilização, controle da ansiedade, prolongamento da conscienciosidade (organização e autodisciplina), diminuição do neuroticismo (instabilidade emocional), melhora no aprendizado, entre outros. Já para os pais, é um momento de aceitação e compreensão de como agir com seu filho, de externalizar as emoções muitas vezes reprimidas, de lidar com as próprias frustrações e expectativas e de mudar padrões repetitivos na educação, que, em alguns momentos, vieram da sua própria criação.

Os grupos de pais e filhos são realizados separadamente e a participação nos dois é opcional. “Felizmente o preconceito de que terapia é para pessoas com algum distúrbio está diminuindo e muitos pais estão se dando conta de que não é supérfluo nem caro demais, o investimento na prevenção trará benefícios para toda a vida, além de ajudá-los a serem pais melhores”, explica a musicoterapeuta.

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