A doença, que atinge cerca de 2,5 milhões de brasileiros, pode ter como fatores de risco traumas psicológicos, uso de drogas ou complicações durante a gestação

 

A esquizofrenia caracteriza-se por delírios, alucinações, apatia, pensamentos anormais e a “divisão” entre pensamento e emoção. Essas emoções tendem a ficar muito obscuras ou inadequadas. “Por exemplo, se alguém com esquizofrenia for comunicada da morte de um ente querido, pode sorrir ou ter um acesso de riso, ou não demonstrar qualquer emoção”, exemplifica a psicóloga Carla Weber Bender (CRP 08/16240).

As pessoas que têm delírios esquizofrênicos costumam ter a visão de que suas ações e pensamentos estão sendo controlados ou que os pensamentos estão sendo colocados na mente delas. “Além disso, a esquizofrenia envolve o afastamento do contato com os outros, a perda de interesse por atividades externas, a interrupção dos hábitos pessoais e a incapacidade de lidar com o dia a dia”, ressalta a psicóloga. 

Existem alguns fatores de risco que podem influenciar o desencadeamento da doença, como a exposição ao vírus influenza ou à rubéola durante a gestação, o que faz com que os filhos apresentem maior tendência a se tornarem esquizofrênicos, além da má alimentação durante a gravidez e complicações no momento do parto. “Possivelmente, esses tipos de problemas prejudicam o desenvolvimento do cérebro, deixando a pessoa mais vulnerável a um rompimento psicótico com a realidade”, explica Carla.

Além desses fatores, a utilização de drogas psicodélicas como anfetaminas, LSD e fenciclidina (PCP) produzem efeitos que imitam parcialmente os sintomas da esquizofrenia e, quando conciliadas a uma predisposição biológica, podem desencadear um quadro permanente. 

Traumas psicológicos também podem ser fatores de risco para o desenvolvimento da patologia. “Muitas vezes, as vítimas de esquizofrenia foram expostas à violência, ao abuso sexual, à morte, ao divórcio ou a outros tipos de estresse na infância. Viver em uma família problemática é um fator de risco relacionado. Em um ambiente familiar conturbado, prevalecem relações, padrões de comunicação e emoções negativas estressantes. Normalmente as famílias perturbadas interagem de modo sobrecarregando com culpa, intromissão, crítica, negatividade e ataques emocionais”, salienta. 

O fator genético também deve ser levado em conta. “Hoje há pouca dúvida que a hereditariedade é fator causador da esquizofrenia. Aparentemente, algumas pessoas herdam o potencial para desenvolvê-la. Elas são, em outras palavras, mais vulneráveis ao distúrbio que as demais”, indica a psicóloga. 

 

Tipos de esquizofrenia, segundo a psicóloga Carla Weber

São quatro os principais subtipos de esquizofrenia:

  • Esquizofrenia desorganizada: Algumas vezes chamada de esquizofrenia hebefrênica é muito parecida com as imagens estereotipadas de loucura retratadas nos filmes. A desintegração da personalidade é quase total, as emoções, a fala e o comportamento são todos muito desorganizados. O resultado é a estupidez, o riso controlado, o comportamento obsceno ou bizarro. A esquizofrenia desorganizada normalmente se desenvolve na adolescência ou no início da vida adulta, onde as chances de cura são limitadas e a incapacidade social geralmente é extrema.
  • Esquizofrenia catatônica: Provoca uma condição de estupor em que a pessoa permanece em posições estranhas por horas ou até por vários dias. Esses períodos de rigidez podem ser semelhantes aos da tendência de congelamento que ocorre no momento de grande emergência ou pânico. O mutismo, aliado à falta de reatividade, torna o paciente catatônico difícil de ser contatado.
  • Esquizofrenia paranoide: Gira em torno de delírios de grandeza e perseguição. Acreditando que sua mente está sendo controlada por Deus, pelo governo ou por raios cósmicos vindos do espaço, ou que alguém está tentando envenená-lo, quem sofre de esquizofrenia paranoide pode sentir-se forçado a agir com violência para proteger-se.    
  • Esquizofrenia não diferenciada: Esquizofrenia com sintomas psicóticos salientes, mas sem características específicas dos tipos catatônica, desorganizada ou paranoide.

 

Os principais sintomas e sinais de um quadro de esquizofrenia são: ansiedade, insônia, falta de interesse por atividades habituais, isolamento, problemas de atenção e concentração, abandono do trabalho e estudo. Pode haver o descuido com a higiene e aparência e, com o passar do tempo, os sintomas se agravam, levando ao primeiro surto, com manifestações de agressividade, agitação, delírios de perseguição, vozes que dão ordens, etc.

O ideal é que o tratamento seja medicamentoso, com a utilização de medicamentos antipsicóticos para controle de surtos, com a possível associação de estabilizantes de humor para conter comportamentos impulsivos e ansiolíticos para tratar a ansiedade. “Além do tratamento medicamentoso, a terapia é fundamental. Nela, busca-se inicialmente a aceitação e conscientização do paciente sobre seu quadro, para instruir-lhe com informações relevantes da doença, a identificação de gatilhos e sinais que antecedem um possível surto e também a reabilitação para adequar sua vida e rotina. Para isso, é fundamental a participação de familiares no processo de tratamento, onde são instruídos e esclarecidos quanto ao quadro e possíveis ações para contribuir para a estabilidade”, finaliza. 

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