Junto a ele, o fumante entra em contato com mais de cinco mil substâncias tóxicas

O cigarro é responsável por aproximadamente 200 mil mortes por ano no Brasil. É um fator de risco para doenças do coração, hipertensão, infarto, doenças das artérias, bronquite crônica e enfisema (DPOC), sendo responsável por 90% dos casos de câncer de pulmão, derrames (AVC), além de outros tipos de câncer como boca, faringe, laringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, rim, bexiga, colo de útero, leucemia. De acordo com a médica pneumologista Mariana Saciloto, só a fumaça em si concentra cerca de cinco mil substâncias tóxicas. “A fumaça do cigarro é uma mistura heterogênea de gases, vapores e partículas líquidas. Foram identificadas mais de cinco mil substâncias tóxicas no cigarro. Entre os constituintes da fase gasosa, destaca-se o monóxido de carbono e da fase particulada, a nicotina”.

O cigarro atua no organismo humano a partir da dependência de nicotina, devido à substância psicoativa presente na fumaça do mesmo. “Além da dependência física causada pela nicotina ainda temos a dependência comportamental que se caracteriza pela rotina associada ao uso do tabaco”, afirma Mariana. E, ao ser inalada, a nicotina se liga aos receptores nicotínicos cerebrais, localizados na região chamada de sistema de recompensa cerebral (SRC) que são ativados, liberando a dopamina, neurotransmissor que causa sensações de prazer, satisfação, melhora da atenção, aprendizado e memória, esclarece a pneumologista.

Os efeitos da nicotina desaparecem ou diminuem algumas horas após o seu consumo e os sintomas desagradáveis que compõem a síndrome de abstinência surgem, levando ao ciclo da dependência que pode ser observada por frases como, “se fumo me sinto bem, se não fumo me sinto mal”. O uso crônico da nicotina leva a uma dessensibilização destes receptores, que por um tempo não respondem à dose de nicotina inalada levando o fumante aumentar o número de cigarros fumados para atingir o mesmo efeito.

 

Cuide do seu pulmão

De acordo com Mariana, a inalação da fumaça do cigarro causa inflamação nas vias respiratórias, o que ocasiona lesão do epitélio respiratório do pulmão do fumante. Isso pode levar a doenças crônicas do pulmão como bronquite crônica, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), e até câncer de pulmão.

 

Está grávida? Essa é a hora de largar de vez o cigarro

O tabagismo durante a gestação leva a um aumento da mortalidade fetal, aumento de partos prematuros, retardo de crescimento do bebê dentro do útero, complicações durante o parto, facilita a ruptura prematura da bolsa, e está relacionado a um aumento de malformações fetais.

Os fumantes passivos também devem estar atentos aos riscos que estão correndo. O tabagismo passivo é definido como a inalação da fumaça de derivados do tabaco por indivíduos não fumantes, mas que convivam com fumantes em ambientes fechados. O fumante passivo também está sujeito às mesmas doenças que um fumante ativo. Em crianças podemos destacar infecções de ouvido, redução da função pulmonar e exposição a doenças como pneumonia, bronquite e exacerbação da asma. Bebês expostos a fumaça do cigarro tem risco cinco vezes maior de apresentar síndrome da morte súbita infantil.

“É necessário orientar em massa a população sobre os efeitos deletérios do tabagismo ativo e passivo, sobre o tratamento para as pessoas que desejam parar de fumar. Existem várias medicações que podem auxiliar até mesmo a terapia. Existem centros hoje em todos os municípios que oferecem o tratamento e todo o acompanhamento ao paciente”, reforça Mariana.

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