Estresses durante a primeira infância podem contribuir para o desenvolvimento do Transtorno de Personalidade Boderline (TPD)

 

Boderline é um transtorno de personalidade em que a pessoa tende a agir impulsivamente sem considerar as consequências, apresentando forte instabilidade afetiva. “A capacidade de planejar pode ser mínima e acessos de raiva intensa e com frequência podem levar à violência ou a ‘explosões comportamentais’, estas são facilmente precipitadas quando os atos impulsivos são criticados ou impedidos por outros”, explica a psicóloga Luciane Becker (CRP 09-19890).

Uma das características marcantes de quem sofre com essa síndrome é o sentimento crônico de vazio. Além disso, a autoimagem, objetivos e preferências internas do paciente são pouco claras ou perturbadas. “O paciente apresenta uma propensão a se envolver em relacionamentos intensos e instáveis, o que pode causar repetidas crises emocionais e estar associada com esforços excessivos para evitar abandono e uma série de ameaças de suicídio ou atos de autolesão”, afirma a psicóloga.

O transtorno de personalidade Boderline varia, mas ocorre em 1,7% a 3% na população em geral, sendo que 75% dos pacientes são mulheres. O impacto social é grande, já que a taxa de mortalidade devida ao suicídio é alta, atingindo cerca de 10% dos pacientes. “Existem diversas causas apontadas para a origem do transtorno, mas não são condições que se repetem a todos. Acredita-se que, além do forte componente genético, as experiências traumáticas na infância, como abuso sexual e negligência, causariam a desregulação emocional e a impulsividade, levando aos comportamentos não-funcionais, déficits e conflitos psicossociais”, ressalta Luciane.

Os primeiros sinais do transtorno, segundo a psicóloga, são: instabilidade emocional, sensação de inutilidade, insegurança, impulsividade e relações sociais prejudicadas. Contudo, é preciso ficar atento pois tais sintomas também podem ser comuns em pessoas com outros distúrbios que não se enquadram como Boderline, e até mesmo por pessoas que não apresentam nenhum transtorno mental. Por isso, a importância de procurar um profissional da área, como psicólogo ou psiquiatra, pois só ele poderá dar um diagnóstico preciso e orientar corretamente o paciente em seu tratamento, que consiste na psicoterapia a fim de auxiliar a pessoa a se autoconhecer, controlar as emoções negativas e saber enfrentar momentos de maior estresse. O uso de medicamentos antidepressivos e estabilizadores de humor devem ser indicados pelo médico psiquiatra.

 

Os principais sintomas do Transtorno de Personalidade Boderline, segundo o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM)

Padrão global de instabilidade no relacionamento interpessoal, autoimagem e afetos, impulsividade marcada com começo no início da idade adulta e presente numa variedade de contextos, como indicado por cinco (ou mais) dos seguintes:

  1. Esforços frenéticos para evitar o abandono real ou imaginado;
  2. Padrão de relações interpessoais intensas e instáveis caracterizado por alternância extrema entre idealização e desvalorização;
  3. Perturbação da identidade: instabilidade persistente e marcada da autoimagem ou do sentimento de si próprio;
  4. Impulsividade pelo menos em duas áreas que são potencialmente auto lesivas (gastos, sexo, abuso de substâncias, condução ousada, voracidade alimentar);
  5. Comportamentos, gestos ou ameaças recorrentes de suicídio ou comportamento automutilante;
  6. Instabilidade afetiva por reatividade de humor marcada (por exemplo, episódios intensos de disforia, irritabilidade ou ansiedade, habitualmente durando poucas horas ou mais raramente alguns dias);
  7. Sentimento crônico de vazio;
  8. Raiva intensa e inapropriada, ou dificuldades para controlá-la (por exemplo, episódios de destempero, raiva e brigas constantes);
  9. Ideação paranoide transitória reativa ao estresse ou sintomas dissociativos graves.

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