Muito famosa no meio esportivo, a kinesio taping promove estímulos mecânicos e sensoriais na pele e tem efeitos benéficos no tratamento de doenças neurológicas

Apesar da técnica ter sido desenvolvida em 1973 pelo Dr. Kenzo Kase, no Japão, ela passou a ser conhecida durante as Olímpiadas de Pequim em 2008 e de Londres em 2012, onde vários atletas a utilizaram nas competições. Estou falando da bandagem terapêutica ou Kinesio Taping, fitas adesivas coloridas muito comum de serem vistas no corpo de atletas para os auxiliarem na questão de reabilitação física, agindo nas áreas neurológicas, ortopédicas e musculares dos praticantes de esportes.

Mas o que poucos sabem é que a bandagem terapêutica pode ser utilizada em diversas patologias e não somente no meio esportivo. De acordo com a fisioterapeuta Alana Tâmisa Leonel, com formação em Kinesio Taping pela Associação Internacional de Kinesio Taping, o objetivo da bandagem é proporcionar a pacientes um recurso terapêutico que auxilie o corpo a buscar seu equilíbrio nos intervalos das sessões de terapias. Hoje ela pode ser utilizada tanto por fisioterapeutas, quanto por fonoaudiólogos, quiropatas e terapeutas ocupacionais, podendo ser aplicada na terapia de um público alvo bem amplo que vai de recém nascidos a idosos.

Conforme a fisioterapeuta, a fita adesiva é elástica, hipoalergênica, a prova d’água, sensível ao calor, não contém nenhuma substância medicamentosa, e é composta por 100% de algodão adesivo, tendo uma espessura e textura muito semelhante a da pele. A cola adesiva da bandagem é disposta em formatos de linhas que imitam as das impressões digitais, a fim de simular os diversos sentidos da elasticidade humana.

Segundo Alana, a bandagem é aplicada por um período de 3 a 5 dias, podendo durar até 7 dias, dependendo do tipo de pele do paciente, do objetivo e da técnica de aplicação. “A bandagem deve ser aplicada apenas por profissionais capacitados para essa função, pois para cada tipo de correção e grupo muscular existe uma forma de aplicação diferente, sendo que cada tratamento tem um objetivo específico”, explica.

 

Efeitos da bandagem

A kinesio taping promove estímulos sensoriais e mecânicos (elásticos) duradores e constantes na pele. Esta bandagem mantém a comunicação com os tecidos mais profundos através de mecanorreceptores encontrados na epiderme e derme. De acordo com a fisioterapeuta, diversos benefícios vem sendo descritos por estudos que comprovam a eficácia da técnica, sendo os mais conhecidos:

  • Redução de dores;
  • Correção biomecânica articular e de funções musculares;
  • Melhora da circulação sanguínea e linfática;
  • Reparação de lesões;
  • Facilitação ou limitação de movimentos.

 

Além desses benefícios básicos, a kinesio taping também tem efeitos positivos na correção postural, principalmente em adolescentes, na diminuição da restrição de cicatrizes, na diminuição de edemas e na melhora da aparência de manchas roxas causadas por lesões de cirurgia ou por batidas. Porém, os efeitos menos conhecidos da bandagem terapêutica se dão em sua utilização em patologias neurológicas. Conforme a fisioterapeuta, dentro desse meio ela pode ser aplicada tanto na pediatria quando na neurologia adulta.

Na pediatria, a bandagem pode ser aplicada em tratamentos de paralisia cerebral, relaxando os músculos da criança que geralmente tem a musculatura muito rígida, promovendo o alívio de dores, ajudando na parte da postura do tronco, e facilitando os movimentos do corpo. Além disso, algumas crianças apresentam sialorréia intensa (babam muito), e nesses casos a bandagem pode ajudar a diminuir esse fluxo.

De acordo com Alana, outra patologia neurológica em que a kinesio taping pode agir positivamente é a síndrome de down. Nela, acontece o contrário da paralisia cerebral, pois as crianças são mais “molinhas”, com uma musculatura hipotônica e flácida, e tem pouca força para realizar movimentos. “Nesses casos a bandagem entra como um reforço muscular para dar suporte à musculatura e potencializar o fortalecimento por meio dos exercícios da fisioterapia. Para essas crianças, nós conseguimos também, com a bandagem, estabilizar articulações evitando possíveis luxações”, afirma.

Na neurologia adulta, as bandagens são muito utilizadas nos AVE’s (acidente vascular encefálico), conhecidos também por AVC (acidente vascular cerebral) ou derrame cerebral. Nesses casos podem acontecer dois tipos de sequelas: a hipertonia muscular, que deixa o músculo rígido e em contratura, ou a hipotonia muscular, que deixa o músculo flácido e sem força. A fisioterapeuta assegura que para os dois casos a bandagem tem bons resultados.

Segundo Alana, a kinesio taping só não apresenta resultados significativos quando aplicada sozinha, pois ela é uma terapia associada, que sempre deve estar sendo trabalhada em conjunto com outra técnica, como a fisioterapia por exemplo. “A bandagem vai facilitar ou inibir movimentos e a fisioterapia irá realizar os posicionamentos, alongamentos e fortalecimentos necessários. A kinesio taping deve ser encarada como uma terapia de auxilio que não vai deixar com que o paciente perca o que conseguiu ganhar durante as sessões da terapia principal”, ressalta.

Por Camila Neumann

2 COMENTÁRIOS

    • Oi, Gerson. Temos como foco gerar conteúdo e informar nossos leitores, mas para tirar sua dúvida indicamos que converse com algum profissional da área, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e afins, pois saberão te ajudar com maestria.

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