De 01 a 08 de agosto de 2014, na Semana Mundial de Aleitamento Materno, criada pela Organização Mundial de Saúde, diversas ações foram feitas para incentivar a amamentação e a doação para bancos de leite. É hora de pensar na importância desses atos.

O leite materno contém a medida exata de todos os nutrientes, a quantidade certa de água, e as proteínas essenciais para as quais o organismo do bebê já está adaptado. Até o tipo de gordura é específico para favorecer o desenvolvimento neurológico do recém-nascido. E não é só isso, o leite materno carrega mais de 50 fatores de proteção, além de anticorpos contra doenças com que a mãe já teve contato. Além disso, para o bebê que acaba de chegar ao mundo, cada mamada é uma oportunidade de estreitar um vínculo afetivo com a mãe, que será decisivo para seu desenvolvimento.

Para tirar algumas dúvidas a respeito do aleitamento materno, a Revista Mais Saúde conversou com Fisioterapeuta especialista em Obstetrícia e Uroginecologia Kassieyne Rocha Tozatti.

 

Revista Mais Saúde – Porque é tão importante amamentar?

Kassieyne – Porque aumenta a imunidade do bebê. E faz bem até para a mamãe. A mulher que amamenta volta mais rápido ao normal, ao seu peso anterior a gravidez, pois perde calorias quando amamenta, além de contribuir para a involução uterina, diminuindo dessa forma a questão do sangramento pós parto, que chamamos de lóquios. Sem falar na questão do vínculo materno infantil.

 

Revista Mais Saúde – O aleitamento materno protege as crianças de quais doenças e problemas?

Kassieyne – O leite até cinco dias pós parto chama-se de colostro, o qual contém uma concentração maior de anticorpos para o recém nascido. O leite materno é mais digestivo que o leite de fórmula e tem uma absorção mais rápida no organismo do bebê. Além de que o leite materno é produzido a cada instante, cada fez que o bebê realiza a sucção do mamilo, estimula a produção de leite, e seus componentes mudam conforme as necessidades nutricionais do bebê. E isso o leite de fórmula não faz, pois em alguns casos as crianças acabam tendo constipação intestinal, outras vezes tem problema de diarréia ou intolerância ao próprio leite de fórmula. Muitas pesquisas já constataram que a criança que mama no peito é uma criança mais segura, com maior imunidade e com menos chance de adquirir diabetes na fase adulta, hipertensão arterial, câncer e obesidade.

 

Revista Mais Saúde – Durante a gravidez, como a mamãe pode se preparar para amamentar o seu filho?

Kassieyne – O primeiro passo é ter a mama avaliada por um profissional de saúde (médico, enfermeiro, fisioterapeuta ou nutricionista), porque muitas mulheres não sabem qual a classificação de suas mamas, quais os tipos de bico apresentam. Então se ela já começa a ter um trabalho no pré-natal, vai ser muito mais fácil pra ela estimular esse peito quando a criança nascer. Hoje em dia se fala muito que a mulher não precisa preparar as mamas para o aleitamento materno, que o próprio bebê assim que nasce, com a própria sucção faz esse estímulo do bico do seio. Mas aí temos que pensar no seguinte, um bebê que nasce no período certo e com um peso ideal obviamente vai ter uma sucção melhor, mais força para sucção, e aquele bebê que nasce com baixo peso, um bebê prematuro, por exemplo, não vai ter o mesmo poder de sucção, e se a mãe tiver o bico invertido, a própria criança sozinha não vai conseguir reverter esse bico muitas vezes. Por isso, a importância de que se efetue o aconselhamento sobre aleitamento materno já no período do pré natal.,

 

Revista Mais Saúde – Quais as vantagens do leite materno em relação aos outros tipos de leite?

Kassieyne – Os benefícios do leite materno para o bebê são: funciona como fonte de anticorpos; colabora do desenvolvimento mental e no crescimento; previne infecções, anemias, obesidade.

Os benefícios para a mãe: Involução uterina mais rápida; Diminui o risco de hemorragias; evita abscessos e congestões mamárias; estimula a perda de peso (500 calorias/dia); promove o desenvolvimento comportamental materno e relação mãe e filho.

Benefícios para a família: economia, pois o leite materno é gratuito, não necessita aquecer e nem o uso de mamadeira; criança mais forte/saudável.

 

Revista Mais Saúde – Algumas mães alegam “ah, tive que parar de amamentar porque o meu leite é fraco, não estava suprindo as necessidades do meu filho”. Isso é verdade, existe leite fraco?

Kassieyne – Não existe leite fraco, é mito. As modificações de coloração variam muito conforme a necessidade nutricional do bebê. O primeiro leite que vem nos primeiros minutos da mamada, é um leite mais aguado sim, pois contém  água, sais minerais, proteínas e vitaminas. O leite posterior que vem por último, que é quando a mama está mais vazia, é o leite gordo, com mais carboidratos, é esse leite que vai fazer a criança ganhar peso. Na realidade, muitas vezes a mãe pensa que o bebê está pegando o bico do seio e está mamando, o que é um engano pois ele tem que abocanhar o bico do seio e a aoréola, parte mais escura em volta do seio . Então, não é o leite que está fraco, às vezes é o bebê que não está mamando corretamente, ele tem que apresentar uma sucção nutritiva. O problema também pode ser que mãe não esteja tendo uma  ingesta liquida suficiente, o recomendável é de 2,5 a 3 litros de líquido dia, como água, sucos…

 

Revista Mais Saúde – E quem não consegue amamentar, é indicado recorrer para o leite de fórmula?

Kassieyne – Sim, mas sempre com a orientação de um pediatra, porque o leite de fórmula tem suas diferenciações quanto o teor de gordura, por exemplo.

 

Revista Mais Saúde – Como saber quando o leite materno não está suprindo as necessidades alimentares da criança?

Kassieyne – Nós sabemos que até o 6º mês de vida do bebê é indispensável o leite materno. A partir do sexto mês, o pediatra orienta sobre a quastão de introduzir na alimentação do bebê, as frutas, suquinhos, papinhas, etc. A partir do quarto ou sexto mês, as mães que voltam a trabalhar, e com isso ocorre uma diminuição das mamadas, favorecendo dessa forma a diminuição de leite. Nessa situação então, é preciso ter uma conversa entre ela e o pediatra para discutir sobre a complementação do leite materno, que é o leite de fórmula, até a criança atingir a idade pra introduzir outros alimentos.

 

Revista Mais Saúde – Qual a importância dos bancos de leite materno para a comunidade? E quem pode ajudar a manter o estoque do leite materno?

Kassieyne – O banco de leite tem como objetivo primário suprir a necessidade dos bebês que estão na uti neo natal. São bebês de baixo peso, prematuros que muitas vezes as mães não conseguem amamentar, ou a criança não tem ainda meios de sucção.  O leite doado é pasteurizado, passa por análise química, e depois é ofertado para os bebês da uti neo natal. Quem pode ajudar a manter o banco de leite são as mães que estão amamentando. Mas é importante enfatizar primeiramente que as mamães devem suprir as necessidades do seu próprio filho e doar o leite excedente.

 

Por Camila Neumann

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