Em 1990 ganhou a atenção de todo o país e virou moda. O piercing é um adereço muito usual, especialmente pelos jovens. Ele pode ser colocado na orelha, sobrancelha, umbigo, nariz, língua, e alguns o consideram como um acessório para realçar a sua beleza, outros colocam para destacar a sua personalidade e individualismo. Entretanto, optar pelo uso de piercing é seguro? Há lugares de maior risco no corpo? Esclareça as suas dúvidas na entrevista concedida pela dermatologista Dra. Renata F. C. Tavares e pelo cirurgião-dentista Dr. Diego R. Santos.

 

Atualmente colocar piercings pode ser considerado uma prática segura?

Dra. Renata – Depende  do tipo de profissional que irá coloca-lo, condições de higiene, material utilizado e localização corporal.

 

Quais cuidados básicos devem ser tomados ao colocar piercing, tanto antes como depois de colocar?

Dra. Renata – Assepsia rigorosa, materiais descartáveis, piercing com material de preferência de ouro ou titânio, evitar bijouteria de metal simples, que pode causar dermatites de contato com maior frequência.

 

Os piercings mais comuns são realizados no umbigo, na língua, no nariz, na parte superior da orelha e na sobrancelha. Entre esses, existe algum que ofereça mais riscos ao corpo?

Dra. Renata – Piercings colocados em áreas de circulação terminal e menor irrigação sanguínea, como nariz e cartilagem da orelha, pois há maior risco de necrose pós inflamatória local ou por compressão.

 

É verdade que pacientes com diabetes, problemas de coagulação do sangue, não devem colocar piercing?

Dra. Renata – Verdade.

 

Que infecções/ contaminações a pessoa que coloca piercing está sujeita a contrair?

Dra. Renata – Infecções bacterianas e por microbactérias atípicas que são graves. Além disso, o risco de necrose em áreas cartilaginosas e de formação de queloides, que são cicatrizes elevadas e inestéticas.

 

Quem é alérgico a metal deve evitar o uso de piercing?

Dra. Renata – Os de metal simples sim.

 

Caso ocorra infecções, o que fazer?

Dra. Renata – Retirar o piercing, procurar um médico o mais rápido possível para tratamento com antibióticos tópicos e oral e assepsia. Em caso de queloides realizamos o tratamento com infiltrações locais e até mesmo cirúrgico.

 

8- O piercing na boca pode oferecer um risco maior?

Dr. Diego – Devido a grande quantidade de bactérias presente na boca, o piercing oral pode trazer várias complicações ao usuário, seja por problemas de infecção, necrose no local de inserção e muitos outros danos. Outro grande agravante do piercing oral é quando este é associado ao uso de álcool e cigarro, desta maneira a associação do agente traumático crônico (o piercing) com esses vícios aumenta significativamente a possibilidade de desenvolvimento de câncer bucal.

 

9 – O piercing na língua acarreta danos para os dentes e gengivas?

Dr. Diego – Verdade. A pressão provocada pelo piercing pode acarretar desgastes nas estruturas dentais, inflamações gengivais e até mesmo reabsorções ósseas, pois ele se torna um corpo estranho de ação crônica na boca. O piercing lingual, em casos mais severos, pode provocar tamanha reabsorção óssea do palato (céu da boca) que acarretaria na comunicação da cavidade oral com a nasal, ou seja, uma “cavidade” ligando o nariz a boca.

 

10 – Como você avalia o uso de piercing diretamente no dente?

Dr. Diego – O piercing dental não é tão traumático como os demais, porém cabe ressaltar que o piercing dental se tornará um fator retentivo de placa bacteriana, o que exige um maior cuidado do usuário em relação a higiene oral, pois neste local acumulará mais placa no dente que tem grande potencial para desenvolver cáries e doenças na gengiva.

 

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