Vozes que estabelecem as regras

Conheça um pouco mais sobre esquizofrenia, doença interpretada por Bruno Gagliasso, o Tarso da novela Caminho das Índias, exibida pela Rede Globo em 2009.

Ouvir vozes, ver vultos, seguir os comandos ditados pelas vozes e achar que está sempre sendo perseguido por alguém são fatores comuns na vida do esquizofrênico. A doença psiquiátrica é definida como uma cisão entre o real e o imaginário. “É como se a pessoa estivesse sonhando acordada, ela tem uma ruptura de pensamentos, perde o juízo de valores e o senso crítico”, explica o psiquiatra, José Cleber F. Ferreira.

Em geral, os primeiros sintomas da esquizofrenia aparecem justamente em uma fase de significativas mudanças hormonais que influenciam diretamente no comportamento, a adolescência. Segundo Ferreira, é em torno dos 15 anos que o comportamento começa a ficar diferente comparado ao dos outros adolescentes. “O adolescente pode apresentar um comportamento de isolamento, irritabilidade, desatenção e dificuldade de memorizar o que aprendeu, enfim, apresenta um comportamento fragmentado e desorganizado”, alerta o psiquiatra.

A fase inicial da esquizofrenia, muitas vezes, é confundida com depressão ou transtornos de ansiedade.  No entanto, é importante que os pais fiquem atentos às mudanças de comportamento do filho, e ao perceber que ele está apresentando um comportamento estranho, é importante procurar um especialista para fazer o diagnóstico , e se for o caso, iniciar o tratamento. O receio ou vergonha da doença, que está presente em muitas famílias perante a sociedade, acaba atrasando o início do tratamento, mas, segundo o médico, “é preciso acabar com este estigma e pré-conceito das pessoas”.

Após diagnosticar a doença, o tratamento é o uso de medicamentos contínuos e controlados, além da participação em atividades sócioeducativas. “A medicação responde beneficamente de 60% a 80% dos casos”, afirma o psiquiatra.

Com o tratamento medicamentoso a família consegue conviver harmoniosamente com o paciente esquizofrênico. Uma cena comum para a maioria, o jantar em família, onde todos se reúnem para a refeição, o esquizofrênico se não estiver cumprindo o tratamento não consegue permanecer no ambiente. Este exemplo, assim como outros, mostra a acuidade de administrar o medicamento em doses e horários certos. “È importante que alguém da família controle a medicação, pois caso o paciente viva situações de estresse ou faz uso de drogas, algumas células cerebrais liberam o neurotransmissor dopamina em demasia. Esse excesso está associado à ocorrência de delírios e alucinações, desta forma o paciente entra em crise novamente”, constata Ferreira.

A primeira crise, segundo o psiquiatra, acontece entre os 17 e 27 anos. “Neste período, ele começa a ouvir vozes, ter alucinações e apresenta uma ruptura do contato com a realidade”, relata o médico. O risco maior de uma doença mental quando não tratada, conforme o especialista, é o suicídio.

Para evitar uma tragédia é preciso levar a sério a doença esquizofrênica e os medicamentos antipsicóticos, os quais, na atualidade, evoluíram propondo uma eficácia maior nos resultados e com menos efeitos colaterais ao paciente.

A esquizofrenia mais comum é a Paranóide, a mesma enfrentada pelo Tarso, interpretada por Bruno Gagliasso, na novela Caminho das Índias (exibida em 2009 pela Rede Globo). Na esquizofrenia paranóide, os sintomas são: alucinações, escutar vozes, mania de perseguição e desconfiança de que estão tramando algo contra si. Agora, você deve estar se perguntando:

“Mas afinal, como surge a esquizofrenia?”

A esquizofrenia é uma doença mental que afeta aproximadamente 1% da população mundial. A causa específica de como surge a doença ainda não é clara para os pesquisadores, no entanto, vários fatores são tomados como relevantes. Dentre eles, as complicações no parto, como exemplo, a criança nascida pós-termo, gestação acima de 42 semanas, ou mesmo o diabetes gestacional.

Para o médico, o fator genético é o risco maior. Pessoas que tem familiares com esquizofrenia tem predisposição genética para desenvolverem a doença. O uso de drogas também está sendo visto como um fator de risco para o aparecimento da esquizofrenia.

Diagnóstico

O diagnóstico da esquizofrenia é realizado através de uma entrevista médica com o paciente e a família para obter uma história prévia e clínica, a mais detalhada possível, do mesmo. Até o momento, não existem marcadores biológicos próprios da doença nem exames complementares específicos. Mas, o psiquiatra afirma que “quanto mais cedo a doença é diagnosticada e tratada, melhor é o prognóstico para o paciente”.

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