As mulheres mudaram o seu comportamento. E não é incomum encontrá-las em um bar consumindo bebidas alcoólicas

No início, parece diversão, demonstração de independência e poder. Muitas pessoas bebem para ficar desinibidas, corajosas, autoconfiantes, para se relacionar melhor com outras pessoas, para se dar bem na paquera. Qualquer sentimento de frustração, vazio e solidão desaparecem. A autoestima cresce na mesma velocidade com que o teor etílico sobe no sangue. Até o corpo se mostra mais resistente.

Estes são os efeitos do álcool em nosso organismo, e embora seja senso comum pensar que os homens são mais propensos ao alcoolismo, pesquisas recentes afirmam que as mulheres não ficam para trás, apresentando os mesmos tipos de problemas relacionados ao abuso de álcool.

Um estudo da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), publicado em 2013, revelou que o número de mulheres que ingerem álcool pelo menos uma vez por semana cresceu 34,5% no período de 2006 a 2012. É um aumento de 140% maior do que o registrado entre os homens, sendo que 49% das mulheres admitiram beber excessivamente, chegando a quatro doses em apenas duas horas.

Segundo a psicóloga Larissa Cabreira, para explicar esse aumento de uso de álcool entre as mulheres, basta olhar para o passado. Até o início da década de 1920 era praticamente impossível ver uma mulher em bares ou mesmo bebendo algo em um restaurante com amigos. Quem trabalhava eram os homens, logo quem tinha dinheiro para beber eram os homens. As mulheres ficavam em casa cuidando dos filhos. Porém, de lá pra cá, tudo isso mudou, as mulheres passaram a ter maior autonomia social e começaram a fazer coisas que antes não eram aceitas pela sociedade, como frequentar bares sozinhas ou com amigas.
Hoje as mulheres bebem mais porque estão mais livres, mais independentes e com melhor poder aquisitivo do que antes, acredita a psicóloga. Mas como nem tudo são flores, com essa autonomia social também vem as frustações, o estresse e as pressões do cotidiano. “Muitas mulheres fazem um plano de carreira, fazem planos de ter filhos e família, e muitas vezes esses planos não são compensados. Então, elas acabam entrando no vício do álcool para suprir essa necessidade. Se hoje as mulheres tem mais disponibilidade para beber, elas também tem a mesma chance de usar a bebida como válvula de escape”, explica Larissa.

E usar o álcool como mecanismo de fuga, de acordo com a psicóloga, é perigoso, pois é um dos primeiros passos para cair no alcoolismo. “Hoje, bebe-se porque está feliz e porque se está triste. ‘Passei no vestibular? Vou beber para comemorar. O namorado terminou comigo? Vou beber todas’. Assim, a pessoa acaba bebendo o tempo todo e usa isso como uma desculpa, como um mecanismo de defesa”, acentua.

Realmente, é difícil passar pelos problemas da vida sem ter uma válvula de escape, o que faz com que muitas pessoas encontrem no álcool e em seus efeitos uma forma de desligarem de sofrimentos, angústias e frustrações. Porém, usar a bebida ou qualquer outra droga como apoio, certamente não ajudará a resolver os problemas e conflitos internos. Pior, ainda pode criar problemas maiores para sua saúde e qualidade de vida.

Por Camila Neumann

 

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