Esses são alguns dos sintomas do TDAH. Conheça mais sobre o transtorno e suas características.

Durante muito tempo, acreditou-se que o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) era um problema apenas de crianças. Poucas vezes, o distúrbio dos pequenos era considerado algo preocupante. Achava-se que, na pior das hipóteses, aquele menino(a) sem sossego, se tornaria uma pessoa “normal” quando chegasse na fase adulta. Mas, um levantamento publicado nos Estados Unidos mostra que não é assim tão simples. Conhecido como National Comorbidity Survey – Replication (NCS-R, ou “Pesquisa Nacional de Comorbidades”), o estudo analisou 9 mil americanos ao longo de dois anos, e concluiu que cada vez mais, o TDAH é um problema de adultos – algo capaz de arrasar com sua auto-estima, relações afetivas e, principalmente, o seu desempenho profissional. Para esclarecer mais sobre o transtorno a Revista + Saúde, entrevistou o endoscopista e clinico médico, Dr. Ângelo H. França

 

1 – O que é o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)?

Dr. Ângelo – È uma condição neuropsiquiátrica freqüente (4 a5% da população geral) que, através de suas manifestações principais, afeta o funcionamento emocional, cognitivo e comportamental, ou seja, o funcionamento global do indivíduo. As manifestações principais são dificuldade de manter a atenção, impulsividade, inquietação mental e/ou hiperatividade motora, e baseado nelas o transtorno é subdividido em 3 etapas: 1 – T.D.A com predomínio de desatenção; 2 – T.D.A com predomínio de hiperatividade; 3 – T.D.A combinado, quando ambos os sintomas estão presentes.

 

2 – Quais as características do TDAH?

Dr. Ângelo – Existem as características primárias e as secundárias. As primárias são explícitas, fáceis de identificar e correspondem justamente à desatenção, impulsividade e hiperatividade. As secundárias são características com as quais o portador convive o tempo todo, mas que dificilmente são identificáveis pelas demais pessoas. São características internas, mais complexas, mais numerosas e mais impactantes. As secundárias são as que mais danos produzem aos portadores do TDAH. Incluem um conjunto de déficits: hipersensibilidade a críticas, dificuldades de manter relacionamentos afetivos, comportamentos aditivos seja ele gastar, comer, navegar na internet, impaciência, falta de planejamento, dificuldade de completar tarefas, necessidade de estimulação de alto risco, como esportes radicais, esquecimento cotidiano e por aí a fora.

 

3 – Quais são as causas relacionadas ao desenvolvimento do TDAH?

Dr. Ângelo – O TDAH é em 95% dos casos determinado pela genética e pela hereditariedade. A carga genética herdada dos parentes define a presença ou não do transtorno. Só em 5% dos casos é devido a alguma ocorrência durante a vida intra-uterina (mãe tabagista ou que abusou de substâncias ilegais) ou relacionados ao parto (prematuridade, baixa oxigenação cerebral). De qualquer forma, ao nascer o indivíduo portador já possui consigo as sementes do TDAH.

 

4- Como o transtorno se manifesta no público adulto? Quais os sinais e sintomas?

Dr. Ângelo – Os principais sinais e sintomas do TDAH no adulto são:

– Distraibilidade; impulsividade; hiper ou hipoatividade; sub ou super auto alteração; problemas de memória; problemas com o controle de tempo; adiamentos crônicos; atrasos; dificuldades com trabalhos burocráticos e de estabelecer rotinas diárias; esquecimento crônico, falta de traquejo social; dificuldades de relacionamento; baixa auto-estima.

 

5 – Como é realizado o diagnóstico?

Dr. Ângelo – O diagnóstico na criança é baseado em critérios da Associação Americana de Psiquiatria e é fácil, embora nunca se esgote no diagnóstico puro e simples do TDAH. Em 75% dos casos é necessário diagnosticar as condições associadas, tais como dificuldades específicas de aprendizado, ansiedade, depressão, distúrbio de conduta (comorbidade grave), etc. Já no adulto depende de um bom levantamento de dados, da avaliação do estado atual de vida (relacionamento mal sucedidos, divórcio, mudanças de emprego) e de muita atenção, pois ele procura o médico em função de conseqüências do TDAH como depressão, doença do pânico, síndrome de ansiedade generalizada, distúrbio do sono, e não por considerar que seu problema é o TDAH.

 

6 – Qual a importância do tratamento para o TDAH e como ele é efetivado?

Dr. Ângelo – O TDAH afeta intensamente a vida do portador e dos seus familiares ou pessoas próximas a ele. O tratamento apropriado, possível apenas após um diagnóstico correto do transtorno e condição que se associam a ele, pode definir o sucesso pessoal e relacional do portador. Caso contrário a chance da vida se tornar caótica e de sub-resultados é quase inevitável. No mínimo será uma vida de potenciais não concretizados. Quem deseja isso para si?

O tratamento será um plano de longo prazo. Envolve tratamento medicamentoso, indispensável, mas insuficiente. Além disso, na criança é preciso um elo forte de interação entre lar e escola. Nos adultos um componente do tratamento é o próprio portador conhecer bem seu TDAH, a única forma de auto-ajuda possível. Por fim, é importante o acompanhamento (em qualquer idade) por um profissional treinado na área, de maneira sistemática.

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