“Não sou capaz, não vou dar conta…” Cuidado! Estes são pensamentos e expressões de pessoas deprimidas.

Estresse não cuidado, crise familiar, falta de motivação para realizar as tarefas diárias, dificuldade em conseguir mudar o rumo da vida, são alguns dos sintomas da depressão. Distúrbio psiquiátrico muito mais freqüente do que se imagina, a depressão acontece “porque há uma desordem na captação pelos neurônios dos neurotransmissores. A depressão tem componentes de fatores genéticos e sociais”, explica a psicóloga, Tania da Silva.

Estudos recentes mostram que 10% a 25% das pessoas que procuram os clínicos gerais apresentam sintomas da depressão. Essas porcentagens são semelhantes ao número de casos de hipertensão e infecções respiratórias que os clínicos atendem nos consultórios. Ao contrário dessas doenças, entretanto, eles não costumam estar preparados para reconhecer e tratar depressões.

A depressão, mal do século XXI, pode ser ocasionada pelo fator biológico ou pelo social. “Os fatores de risco para a enfermidade são perdas de entes queridos, história genética familiar, crises familiares, episódios anteriores de depressão, parto recente, acontecimentos estressantes, como doença na família, e dependência de drogas”, constata Tania.

Uma pessoa deprimida acredita que não tem mais potencial para resolver as tarefas e os problemas como tinha anteriormente. Além disso, diminui o nível de concentração, tem perda da libido, lentidão psicomotora e auto-estima rebaixada. “O indivíduo depressivo enxerga os fatos por outro ângulo, o mais difícil, e sente-se muito incapacitado na resolução dos problemas, tornando a situação tão caótica que não consegue se ver livre dela”, afirma a psicóloga.

Para diagnosticar o estado de depressão é preciso prestar atenção em alguns sintomas, segundo o CID-10:

. Sentir-se desanimado a maior parte do tempo;
· Interesse diminuído ou perda de prazer para realizar as atividades de rotina;
· Sensação de inutilidade ou culpa excessiva;
· Dificuldade de concentração, habilidade freqüentemente diminuída para pensar e concentrar-se;
· Fadiga ou perda de energia;
· Distúrbios do sono, insônia ou hipersonia praticamente diárias;
· Problemas psicomotores como agitação ou retardo psicomotor;
· Perda ou ganho significativo de peso, na ausência de regime alimentar;
· Idéias recorrentes de morte ou suicídio.

Conforme o número de sintomas observados, Tania diz que o estado depressivo pode ser classificado em três grupos:

  • Depressão leve –2 a3 sintomas ocorrendo por duas ou mais semanas;
  • Depressão moderada –4 a5 sintomas e
  •  Depressão grave – 5 ou mais sintomas intensos e idéias suicidas.

A depressão é uma doença recorrente em aproximadamente metade dos pacientes. “Quem já teve um quadro de depressão tem 50% de possibilidade de ter outro, quem já teve dois episódios, o risco aumenta para 70% e, para quem teve três, sobe para mais de 90%”, alerta o médico psiquiatra de São Paulo, Ricardo Moreno.

Excesso de individualismo e estreitamento das redes de relacionamentos também são fatores presentes no deprimido. Contudo, a psicóloga ressalta que é importante mudar o momento que está vivendo e buscar novas soluções. “É preciso estar entre amigos, conviver com as pessoas que ama e voltar a realizar as atividades que gosta ou começar a fazê-las”, afirma.

Tratamento

O tratamento antidepressivo deve incluir dimensões biológicas, psicológicas e sociais. Por isso, “a psicoterapia precisa abranger todos estes pontos e estimular mudanças no estilo de vida do paciente, as quais devem ser debatidas com ele com a intenção de melhorar a qualidade de vida”, diz Tania.

A psicoterapia possibilita o fortalecimento emocional do paciente. “Ela pode ser aplicada de diferentes formas como de apoio, psicodinâmica, terapia interpessoal, comportamental, de grupos, de casais e de família, isto depende de cada caso, sendo considerados os meios sociais, culturais e os fatores biológicos e psicológicos que o paciente está inserido”, afirma a psicóloga.

Com efeito positivo, a prática de exercícios físicos auxilia no tratamento para a depressão. Estudos revelam que a atividade física contribui para a estabilidade emocional, imagem corporal positiva, aumento da positividade e autocontrole psicológico melhorando o humor e a interação social, além de diminuir a insônia e a tensão.

Fique atento:

Freqüentemente a pessoa com depressão pode pensar em morte, em pessoas que já morreram ou na sua própria morte. Muitas vezes há um desejo ou tentativas suicidas, achando ser esta a “única saída” para ” se livrar ” do sofrimento  provocado pela própria depressão, e que fazem a pessoa sentir-se inútil ou um peso para os outros. Este aspecto faz com que a depressão seja uma das principais causas de suicídio. É bom lembrar que a própria tendência a isolar-se é uma conseqüência da depressão, por isso é fundamental iniciar um tratamento médico e psicoterapêutico adequado o quanto antes.

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