Confira os principais benefícios e recomendações para quem quer adotar esse hábito

 

O veganismo é um estilo de vida que vem crescendo muito no Brasil e no mundo. Nesse movimento, a premissa é não utilizar produtos baseados na exploração de animais, seja na alimentação ou em vestuário e cosméticos, visto que muitas marcas testam seus produtos em animais. A nutricionista Camila Avila (CRN8-9712) fala um pouco sobre esse estilo de vida e passa algumas recomendações.

 

Revista + Saúde: O que é o veganismo?

Camila:  Segundo a Vegan Society, o veganismo é um estilo de vida ou uma ‘escolha’ que tem por objetivo excluir, na medida do possível e praticável, todas as formas de exploração e crueldade contra os animais, como alimentos, vestuário ou em qualquer outro propósito. Além disso, o veganismo também promove o desenvolvimento e uso de alternativas isentas de animais, visando o benefício tanto deles, quanto dos seres humanos e do meio ambiente. No âmbito da alimentação, todos os alimentos consumidos são de origem vegetal, excluindo totalmente o consumo de origem animal e derivados.

 

Revista + Saúde: Além da defesa dos animais, que outros benefícios o veganismo pode trazer para o nosso organismo?

Camila: Uma alimentação vegana bem planejada sempre irá seguir as diretrizes da alimentação saudável, apresentando todos os nutrientes necessários ao nosso organismo. Tanto a Associação Dietética Britânica (British Dietetic Association) quanto a Academia Americana de Nutrição e Dietética (American Academy of Nutrition and Dietetics) reconhecem que a alimentação vegana é saudável e apropriada a todas as idades e fases da vida, promovendo crescimento e desenvolvimento adequados. De modo geral, ao optar por uma alimentação vegana, as pessoas passam a ingerir composições diferentes de vários nutrientes, trazendo alguns resultados positivos, tais como o controle dos níveis de colesterol, o fortalecimento do sistema imunológico, melhora da função intestinal, proteção contra diabetes tipo 2, diversos tipos de câncer e doenças cardiovasculares, além da redução da pressão arterial. 

 

Revista + Saúde: Quais são os alimentos que podem substituir, nutricionalmente, a carne e demais alimentos que contém origem animal em uma dieta vegana?

Camila: Cereais integrais (arroz integral, amaranto, aveia, milho, painço, quinoa, trigo integral); tubérculos e raízes (batata doce, batata inglesa, batata salsa, mandioca); leguminosas (todos os tipos de feijão, amendoim, ervilhas, grão de bico, lentilhas, tofu); sementes oleaginosas (castanhas, chia, gergelim, linhaça, nozes, semente de abóbora, semente de girassol); legumes (abóbora, abobrinha, aspargos, berinjela, beterraba, brócolis, couve-flor, cenoura, chuchu, pepino, pimentão, tomate); verduras (acelga, alface, almeirão, folhas de brócolis e couve-flor, couve manteiga, escarola, espinafre, mostarda, ora-pro-nóbis, repolho, rúcula); frutas (abacaxi, acerola, goiaba, kiwi, laranja, limão, mamão, maracujá, morango, pêssego, tangerina); óleos e gorduras (azeite de oliva extra-virgem e óleo de coco).

 

Revista + Saúde: Muitas pessoas adotam dietas veganas sem antes consultar um profissional nutricionista. Qual é o risco desse costume?

Camila: Geralmente, a pessoa que decide fazer a transição para o veganismo sem acompanhamento, por falta de conhecimento apenas exclui da alimentação a carne e derivados de animais, como ovos, laticínios e mel, não fazendo as devidas substituições de forma consciente e equilibrada. Como consequência, essa pessoa pode vir a apresentar deficiências nutricionais. Outra situação comum é quando a pessoa procura o profissional após começar a nova alimentação, e então, descobre algum problema que já estava instalado em seu organismo. Nesse momento começa o terrorismo nutricional, deduzindo que foi o novo estilo de vida que causou determinada deficiência, quando na verdade ela já existia.

 

Quero virar vegano! O que devo fazer?

A nutricionista Camila lista algumas orientações para quem quer adotar esse estilo de vida:

  • Avalie se é hora de parar com os produtos animais: se sua vontade já é suficiente para eliminar esses produtos, fortaleça suas razões informando-se sobre o assunto;
  • Siga seu próprio ritmo: faça pequenas alterações nas refeições diárias, essa é uma das maneiras mais fáceis de aumentar a quantidade de alimentos à base de plantas em sua dieta. Você pode começar removendo carnes ou laticínios em um dia da semana ou tentar mudar uma refeição de cada vez, tomando café da manhã vegano durante sua primeira semana, adicionando um almoço vegano durante a segunda semana e assim por diante. Você pode mudar um produto de cada vez, trocando o leite de vaca por extratos vegetais como o leite de amêndoa ou de coco e a manteiga por óleo de coco; 
  • Aprenda a cozinhar: aprender o básico é fundamental, pois quem não sabe cozinhar pode virar refém de alimentos congelados ou de restaurantes que podem não ser tão saudáveis assim;
  • Cuide do seu sono: um sono adequado em termos de quantidade e qualidade é muito importante. Acordar cansado é sinal de desrespeito as horas necessárias de descanso, de um sono não reparador e até mesmo de alguma deficiência nutricional;
  • Pratique atividade física regular: um trabalho corporal adequado proporciona maior disposição e melhora no sono;
  • Cuide da sua saúde mental: além do cuidado com o corpo físico, é importante dar atenção para os aspectos emocionais e mentais, pois o estado emocional tem ligação direta com o corpo físico atuando nele por meio de hormônios e outros estímulos; 
  • Faça acompanhamento médico e nutricional: não apenas pela mudança do estilo de vida, mas porque você é um ser humano. É importante fazer avaliações periódicas, pois é nesse momento que o profissional observa o que é melhor para o paciente, podendo auxiliá-lo a resolver os possíveis problemas do momento com o mínimo de medicação e suplementos.

 

EXEMPLOS DE REFEIÇÕES VEGANAS:

  • Desjejum ou lanche: Pão ou torrada integral (cereais) + pasta de tofu ou homus (ricos em proteína) + suco de frutas com couve, hortelã e cenoura (frutas + hortaliças). O óleo está no tempero ou preparo da pasta.
  • Almoço ou jantar: Arroz integral (cereais) + feijão (rico em proteína) + alface, rúcula, couve, cenoura (hortaliças) + frutas (dar preferência para frutas cítricas). O óleo está no tempero ou preparo do alimento.
  • Sopa: Ervilha em grão cozida (rica em proteína) com abobrinha, abóbora, mandioquinha e couve (hortaliças) + macarrão integral para sopa ou torrada integral (cereais) + azeite (óleo). Uma fruta de sobremesa.

Vale lembrar que esses exemplos são de caráter informativo e não substituem de forma alguma o acompanhamento nutricional individualizado. Caso você tenha interesse em adotar esse estilo de vida, procure um nutricionista para que ele possa te orientar.

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