Estudos mostram que a tensão estimula a fome e também diminui a sensação de saciedade

          Existe sim uma explicação científica por trás da vontade incontrolável de comer um doce após um dia “daqueles”. Uma pesquisa descobriu o mecanismo no organismo que em situação de estresse torna os alimentos gordurosos mais irresistíveis e, de quebra, faz com que a vontade de encher o prato (e repetir várias vezes) fique muito maior.

O trabalho foi realizado pela Cornel University, dos Estados Unidos. O estudo mostrou que a tensão ativa uma área cerebral que produz a proteína UCN3. O perigo oferecido à boa forma física é duplo: ela age no fígado, pâncreas, coração e cérebro e desperta a vontade de comer. Ao mesmo tempo, a proteína também diminui a sensação de saciedade. O resultado é mais fome e menos sensação de “barriga cheia”.

A pesquisa sugere que levar uma bronca do chefe, um fora do namorado ou da namorada, uma situação difícil na faculdade ou o trânsito interminável podem deixar os chocolates, biscoitos gordurosos ou o fast food ainda mais apetitosos. Mas como vencer o estresse e o mau humor?

De acordo com a psicóloga Joseane Lisenko, o estresse é uma reação do organismo com componentes físicos e psicológicos, que ocorrem quando surge a necessidade de adaptação a um evento ou situação fora do comum, e que exige um desafio maior por parte do indivíduo.

Porém, conforme a psicóloga, esse estresse pode ser positivo ou negativo. O positivo é a fase inicial (fase de alerta) em que o organismo produz adrenalina, que dá animo, energia e consequentemente faz com que o indivíduo produza mais.  Já o estresse negativo acontece quando a pessoa ultrapassa seus limites e esgota sua capacidade de adaptação, de forma que a qualidade de vida é prejudicada e a pessoa pode vir a adoecer. “Ninguém consegue ficar nessa fase de alerta por muito tempo, pois o estresse se transforma em excesso quando prolongado”, explica.

Segundo a psicóloga Luciane Becker de Oliveira, o estresse excessivo causa várias implicações para a saúde do ser humano. “Junto com o grande desconforto emocional, vem as doenças somáticas como a gastrite, problemas de pele, depressão, e consequentemente mudanças extremas na alimentação como a falta de apetite ou ainda o consumo excessivo de alimentos, acarretando assim o sobrepeso”, afirma.

Os problemas não param por aí. De acordo com as psicólogas, as pessoas que apresentam aumento de peso e até mesmo obesidade devido as situações de estresse, podem desenvolver também sofrimento psicológico decorrente de problemas relacionados à discriminação e ao preconceito social quanto a sua condição. Nestes casos, o acompanhamento psicológico é essencial para estas pessoas, já que a relação entre elas e sua alimentação está investida de sentimentos que podem dificultar o rompimento com estes excessivos hábitos alimentares.

Conforme Joseane, por se tratar de questões emocionais envolvidas, a psicoterapia é muito indicada. “Nos casos em que o alimento é utilizado como recompensa e fonte de consolo aos indivíduos quando estão insatisfeitos em seus relacionamentos amorosos ou de amizades, esses tenham dificuldade de aceitar a diminuição da ingestão, tornando-se incapazes de seguir um plano de reeducação alimentar, sem que antes tratem esta dificuldade emocional”, acentua a psicóloga.

Isso pode ser explicado pela análise do estudo da Cornel University, que identificou que quando as pessoas se sentem desconfortáveis ou estão de mau humor elas focam no prazer imediato, o que leva a valorizar muito mais as qualidades sensoriais dos alimentos do que as “abstratas”, como o seu valor nutricional. Quando as pessoas estão de bom humor, por outro lado, conseguem enxergar de uma perspectiva mais ampla, pensamento que permite que se concentrem nos aspectos mais abstratos dos alimentos, incluindo o quão saudável ele é.

 

Por: Camila Neumann

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