As pessoas comem por fome ou por apetite, descubra as diferenças 

 

Alimentar-se vai muito além da necessidade fisiológica, ou seja, a fome. Comer é um ato social, que remete a sensações de prazer e bem-estar. Porém, em situações emocionais como estresse e ansiedade, nosso organismo pode sofrer certo desequilíbrio e acabamos procurando conforto na comida.

De acordo com a nutricionista Ana Raíssa Orloski, nosso corpo tem um mecanismo de controle da fome e saciedade, regulado pelos hormônios grelina e leptina. “O primeiro é responsável pelo aumento do apetite e a leptina pelo controle da saciedade. Estudos mostram que pessoas que não dormem bem, estão estressadas ou apresentam excesso de peso, podem ter alterações nesse mecanismo, fazendo com que comam mais. A falta de controle na hora de se alimentar pode levar a transtornos alimentares e ganho de peso, consequentemente ao maior risco de doenças associadas, como diabetes, cardiopatias e pressão alta”.

Mas, este descontrole é fome ou gula? Procure observar os sinais que seu corpo demonstra. “Quando estamos com fome o estômago reclama e qualquer alimento irá satisfazer essa necessidade. Já a gula é aquela vontade de algo específico, geralmente calórico e pobre em nutrientes, comum de aparecer no fim da tarde devido à queda nos níveis de serotonina”, explica a nutricionista.

Uma má alimentação gerada pelos exageros da gula desequilibra a flora intestinal causando um quadro chamado disbiose. “Essa condição leva ao aumento do estresse e ansiedade, visto que nosso intestino tem grande influência no sistema nervoso-central”, diz Ana Raíssa. O resultado é um ciclo, onde a ansiedade leva ao maior consumo de alimentos calóricos e assim por diante.

Vale ressaltar também que beliscar o tempo todo se torna costume. Como evitar isso? É possível reverter os maus hábitos? A nutricionista Ana Raíssa dá dicas que podem te auxiliar bastante nesse processo:

  • Diário alimentar: comece anotando em uma tabela todos os alimentos que consumiu durante o dia, incluindo as beliscadas. Esta ferramenta é simples, porém importantíssima para sua auto-avaliação, pois muitas vezes não percebemos a quantidade de alimentos que estamos ingerindo;
  • Mastigue bem os alimentos, várias vezes e com calma: observe o que está no prato, a textura, sabor e aroma da comida. Aproveite este momento! Evite distrações, como televisão, celular ou trabalho. Estes detalhes facilitam a digestão, aumentam a saciedade e a absorção de nutrientes;
  • Inclua no seu dia a dia alimentos ricos em fibras e nutrientes: como legumes e verduras, frutas e oleaginosas (chia, gergelim, castanhas e outras);
  • Programe seus lanches com opções saudáveis: deixar a quantidade certa evita que busque outros alimentos, belisque a tarde toda e acabe exagerando na quantidade;
  • Pratique alguma atividade física e hidrate-se: colocar o corpo em movimento e beber água são importantíssimos para o funcionamento do seu organismo como um todo;
  • Evite industrializados: a indústria infelizmente nos rodeia de alimentos atrativos, porém calóricos, ricos em sódio, açúcares, gorduras e pouco nutritivos. Ou seja, não trazem benefícios à sua saúde;
  • Cuide com as dietas restritivas: aquelas famosas “dietas da moda”. Alimentação saudável e equilibrada não quer dizer cortar tudo o que você gosta. Significa manter equilíbrio. Uma ingestão de calorias muito baixa também não é saudável e faz com que seu metabolismo reduza, ou seja, com o passar do tempo você comece a engordar.

 

Diferença entre fome e vontade de comer

A fome é a necessidade de comer. Quando ela está presente, você sabe que precisa de alimentos, porque o seu corpo dá sinais, sejam aqueles barulhos do estômago ou até mesmo dores de cabeça.

A fome não pode ser controlada, já que é instintiva. Além disso, ignorá-la pode trazer consequências graves. Esperar muito tempo para comer pode significar o risco de ter baixo açúcar no sangue, o que leva à tontura e à fadiga.

Já o apetite, ou seja, a vontade de comer, acontece a partir de um esforço coordenado entre o cérebro e a barriga. Quando você vê uma refeição deliciosa, a boca parece encher de saliva, fazendo com que se sinta o gosto e a textura do alimento no paladar. Ao contrário da fome, o apetite pode ser ignorado. Como os níveis de apetite são muito influenciados pelo cérebro, trata-se de um comportamento aprendido, e por isso, ele pode ser controlado.