De acordo com a Organização Nacional Americana de Transtornos Alimentares, pelo menos dez em cada cem mulheres e três em cada cem homens desenvolverão algum tipo de transtorno alimentar durante suas vidas

De acordo com a psicóloga clínica Liridiane de Melo Fabrício (CRP 08/22774), os transtornos alimentares são definidos como uma perturbação persistente na alimentação ou no comportamento alimentar fazendo com que o indivíduo se relacione de forma alterada com a alimentação, afetando negativamente a saúde. “Conforme o Manual Estatístico de Transtornos Mentais 5º (DSM – V), são considerados transtornos alimentares os seguintes: bulimia nervosa, anorexia nervosa, pica, compulsão alimentar, transtorno de ruminação, transtorno alimentar restritivo ou evitativo e síndrome do comer noturno”, ressalta.

São vários os sintomas dos transtornos alimentares. Segundo a nutricionista Bruna Letícia dos Santos (CRN- 812718), a restrição excessiva de alimentos, dietas severas, jejuns, regurgitação (“remastigação”) repetidas, excesso de atividade física, indução de vômitos, uso de diuréticos, laxativos ou até mesmo episódios de consumo exagerado de alimentos em um curto período de tempo.

Tipos de transtornos alimentares

– Anorexia nervosa (NA): é definida por distorção da imagem corporal, ou seja, a pessoa pressupõe que está acima do peso mesmo estando abaixo dele. “Havendo restrição proposital, constante e rigorosa de vários alimentos, a perda de peso é considerada uma vitória enquanto em contrapartida o ganho de peso é um insucesso do autodomínio”, ressalta Bruna.

– Bulimia nervosa (BN): pode iniciar com dietas restritivas prosseguindo a episódios de compulsão alimentar, logo após surge o sentimento de culpa perante tal ato. “Em alguns momentos o paciente ingere uma grande quantidade de alimentos e depois tenta compensar de alguma forma, podendo ser com vômito, laxantes, jejuns, exercícios demasiados a fim de tentar impedir o ganho de peso”, afirma a psicóloga.

Transtorno de compulsão alimentar (TCAP): é caracterizado como consumo incontrolável e excessivo de alimentos em um curto tempo, chamada de hiperalimentação. “Normalmente pessoas com esse tipo de TA são obesas ou têm aumento de peso significativo em um pequeno intervalo de tempo, podendo assim, desencadear patologias secundárias decorrentes da obesidade”, destaca a nutricionista.

Como enxergar-se?

Segundo Liridiane, em nossa sociedade, é comum ver pessoas agindo sem perceber os problemas ao seu redor. Com o crescimento de autocobrança ou imposição de um padrão estético específico e um mercado enorme de promessas milagrosas para o emagrecimento, muitos não se enxergam como realmente são. “Além disso, há uma onda recente de ‘vida saudável’ e ‘fitness’ que acaba gerando uma preocupação com a imagem corporal de forma descompensada, mas que diante desse cenário soa como uma certa normalidade. Muitos indivíduos só conseguem perceber que não estão bem quando o transtorno alimentar está comprometendo significativamente a vida do paciente”.

Além disso, a alimentação pode ser uma forma do indivíduo descontar seu sofrimento, da mesma forma que pode não sentir vontade em comer e desenvolver um comportamento restritivo. Momentos que geram sofrimento psicológico podem alterar comportamentos do paciente incluindo a rotina alimentar, sua autoavaliação, prioridades, motivação, entre outras.

Há ainda alguns fatores de risco, que são apontados pelo DSM-V, sendo eles:

– Pessoas que apresentam transtorno de ansiedade ou que apresentam traços obsessivos na infância;

– Pessoas que ocupam cargos que primam pela magreza, por exemplo, modelos, atletas de elite e outros;

– Parentes de primeiro grau de indivíduos com transtornos;

– Obesidade infantil;

– Transtorno depressivo;

– Bipolaridade;

– Transtorno do espectro autista.

Ao buscar tratamento, procure ajuda de uma equipe multidisciplinar, que conta com médico, psicólogo e nutricionista. Além disso, a família e os amigos precisam estar atentos, promovendo um ambiente acolhedor para que o indivíduo se sinta confortável com o que está acontecendo e caso necessário oferecer ajuda. “Os transtornos alimentares podem levar à óbito se não tratados, seja por desnutrição, intoxicação ou comorbidades associadas. Na bulimia e anorexia há risco de suicídio. Por isso, é muito importante que as pessoas que convivem com o paciente estejam atentas”, ressalta a psicóloga Liridiane.

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